Quem ama não desiste
O aroma, indefeso, segue o vento arrastado pelo fluxo atmosférico e vem a nuvem, a chuva, a tempestade. E o onipresente e onipotente aglutinam toda esta energia. Assim, se fez a vida, que acolhe os seres numa interminável viagem evolutiva. A diversidade organiza os níveis espirituais, acolhe a todos como os átomos em seu menor nível de energia. Unem-se em moléculas e estas em substâncias que compõem os tecidos, corpos e organismos.
São dois lados coexistentes permeados por aquele que une a matéria, a vida.
Assim, se fez tudo, se fez você e é por isso, que estais lendo neste instante este texto. Porém, iremos falar apenas da fenda por onde permeia o fluido que une vida e matéria. Esta união está prenhe e tem o ser para enfrentar sua jornada numa solidão coletiva, num processo evolutivo incessante, biológico e espiritual. Graças à gestora, incomparável e única no universo de cada ser, de cada nós, de nós Seres Humanos.
Então de quem se fala? Sim, falamos da Mãe. Desta, que nos pariu o corpo e sonha nos parir o destino.
Parir o destino é resquício do passado? Uma percepção de competência evolutiva vindoura? Não iremos vagar pela incerteza e faremos uma humilde reflexão da nossa realidade presente.
Mãe, este ser, que nos permite ser este Ser, traz intrínseca em si o desejo, ou, a missão de dar ao filho proteção eterna, embriagada pelo instinto despercebe o designo do cosmo, que cada rebento traz ao nascer. Assim, na condução da formação do filho, todas as necessidades materiais são supridas até o ponto em que este ser começa a deixar de ser tão somente seu e, o meio o arrebata. Neste duelo de destinos, muitas vezes incompatíveis, dilacera o peito materno e as garras de águias, a fúria de uma felina, os braços de polvo são lentamente derrotados a cada dia.
Porque tão cruel designo a esta missionária única e tão importante, o seu filho, sua parte em outro corpo, segue caminhos confusos, caóticos, guiado por um magnetismo irreversível.
Certamente seu olhar que tudo vê e tudo sabe, deixou de se lembrar que este seu Ser, é na verdade um Ser dele mesmo, que caminha desde a inexistência e através desta existência. Inseriu-se através de seu ventre, que não é tão seu, apenas a fenda e não obreira do Ser que parecia ser todo seu.
Segue o Ser seu destino já crescido em busca de sua elevação espiritual, quando de forma diferente poderás nutrir suas novas necessidades. Certamente tuas garras de águia já muito fracas não reagem, teus olhos de coruja, já embaçados evoluem para a escuridão total e a coruja já com os olhos furados não acompanha mais os passos de seu rebento.
Por que então tanto apego ao querer que se enfraquece a cada dia? Um esforço que promove um entrave evolutivo do filho. Este precisa sentir todas as necessidade físicas e espirituais na dinâmica evolutiva que necessita alcançar.
A proteção materna, tão importante outrora, hoje, um empecilho evolutivo.
A mãe é todo amor. Filhos são canibais, estes respondem aos impulsos biológicos pela sobrevivência física e espiritual, que sua existência lhe exige no decorre de sua sina Humana.
Coruja, fure teus olhos, tu fostes apenas a fenda de luz deste rebento. Lá fora brilha o Sol de cada dia, com mais energia e perigo que tu pudestes dar. Seus descumprimentos conduzirão seu filho ao retardamento evolutivo, tornando-o imprestável, dependente, incapaz e aniquilado quando suas forças maternas não mais puderem servi-lo “à boca”.
Sugestão de artigo sobre a maternidade e a independência dos filhos
Autor: Ponta-poraense Roberto Messias Bezerra
Químico pela UFMS
Doutor USP São Carlos (SP)
Professor do curso de Farmácia da Universidade Federal do Amapá