Para todos os dias: mudar ou repetir?
A cada amanhecer, temos uma escolha a fazer: seguir o caminho conhecido ou arriscar o novo. Embora pareça uma decisão simples, ela carrega um impacto profundo em quem somos e no rumo que nossas vidas tomam. Repetir e mudar não são inimigos; são lados complementares de um processo contínuo de autodescoberta e crescimento.
A Segurança na Repetição
Repetir algo nos dá conforto. Há uma tranquilidade em saber o que esperar, em dominar uma tarefa ou hábito. Isso pode ser crucial em momentos de instabilidade, quando o conhecido funciona como um porto seguro. Seja a rotina matinal ou o mesmo caminho para o trabalho, a repetição nos economiza energia mental, deixando espaço para focar em outras coisas.
Mas a repetição também tem seus perigos. Ela pode se tornar uma prisão, um ciclo automático que impede o avanço. A zona de conforto é sedutora, mas permanecer nela por tempo demais pode levar à estagnação. O desafio está em discernir se aquilo que repetimos ainda serve ao nosso propósito ou se é hora de abrir espaço para o novo.
O Desafio da Mudança
Mudar exige coragem. É atravessar o desconhecido, muitas vezes sem garantias de que a escolha será a certa. Por outro lado, é na mudança que encontramos crescimento. O desconforto do novo nos obriga a aprender, a repensar, a expandir nossos horizontes.
Ainda assim, a mudança só faz sentido quando vem com intenção. Mudar por mudar, sem reflexão, pode ser tão vazio quanto repetir por inércia. O verdadeiro poder da mudança está em sua capacidade de nos alinhar com quem queremos ser.
Encontrando o Equilíbrio
O segredo, talvez, esteja no equilíbrio. Repetir o que nos faz bem, o que nos fortalece, mas não ter medo de mudar quando sentimos que algo não se encaixa mais. Pergunte-se: o que na sua vida merece ser repetido? E o que já não faz mais sentido?
Todos os dias nos oferecem essa oportunidade. Um ciclo de repetição saudável pode construir disciplina e foco, enquanto pequenas doses de mudança introduzem aprendizado e frescor. O importante é estar atento, consciente das escolhas que fazemos, para que cada repetição e cada mudança tenham um propósito.
Mudar ou repetir não precisa ser uma escolha polarizada. Em vez disso, encare cada dia como uma chance de equilibrar o conhecido com o desconhecido. Repetir para manter a essência. Mudar para evoluir. Essa é a dança da vida, um movimento constante entre o que já sabemos e o que ainda precisamos descobrir.
(*) Cristiane Lang é psicóloga clínica, especialista em Oncologia pelo Instituto de Ensino Albert Einstein de São Paulo.
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