Encontro inusitado com dona coruja
Depois de alguns quilômetros de bicicleta, cheguei na UFMS, escolhi um lugar para sentar e ver o sol se pôr .
De repente, fui surpreendida por um voo rasante intimador e um grito ensurdecedor de uma coruja. Como para um bom entendedor um simples assobio agudo estourando seus tímpanos basta, eu entendi claramente o que ela disse:
- Sai daqui! (acho até que tinha um xingamento tipo “sua vaca” ou coisa parecida).
Pensei em estar próximo do ninho, justificaria tanta agressividade, então disse:
- Calma não vou incomodar, pegar seus ovos, matar seus filhotes, atirar pedras em você e blábláblá. Fui me afastando!
Encontrei outro lugar, assim que me “abundei” novamente (ato de sentar-se) lá vem a coruja ! Percebi que não era só proteção, ela era territorialista, mesmo!
Como a preguiça era maior, resolvi negociar:
- Minha flor! Não é possível que você tenha um ninho a cada metro, acho que é pessoal e penso em resolvermos de uma maneira bem simples, eu fico aqui e espero o sol se pôr e depois vou embora, você me esquece! Perfeito! O que me diz?
Nada! (ainda bem). Ficou me mirando com olhos que mais pareciam binóculos mudando o foco. Depois de alguns minutos pensei nas superstições, alguns dizem que corujas dão “mau agouro”, outros que trazem sorte, não que eu seja supersticiosa, mas não me custou nada perguntar:
- Você vai me dar sorte ou azar?
Seu olhar transmitia tédio, talvez por ser semicerrado, peguei o celular e busquei na “net” algumas coisas interessantes sobre corujas, descobri que além de gritar e assobiar elas sorriem, que mágico! Pensei! Obviamente pedi um sorriso, obviamente fui ignorada! Que seus ouvidos são 50 vezes mais sensíveis que dos humanos, então certamente ela ouviu eu dizer coruja “fia da puta” quando me assustei! Que no antigo Egito eram aves sagradas e as favoritas do Deus da sabedoria, por isso a associação ao saber e blábláblá.
Depois da leitura compartilhada, ela permanecia ali me fitando, e eu tentando decifrá-la. Nesse momento lembrei que estava com a câmera fotográfica na mochila, mas ao mesmo tempo pensei: assim que eu pegar ela voa....
Cheguei muito próximo para obter boa imagem já que minha câmera não é profissional. Para minha surpresa ela parecia pousar para as fotos, o sol foi caindo e virou mero coadjuvante.
Me despedi, com sensação de ter tido muita sorte desse encontro que registrei na memória e nas lindas imagens.
Pronto, dona coruja, já pode me esquecer! Como prometido!
Por Thathy d Meo
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