A cada grupo de 55 infectados pelo coronavírus, uma pessoa morre em MS
O Campo Grande News levantou a taxa de letalidade em outros estados para descobrir como anda MS em relação aos óbitos
O Brasil começa a reduzir a taxa de letalidade por covid-19, mas o inverso ocorreu em Mato Grosso do Sul desde junho. Hoje, a cada 55 pessoas infectadas, uma morre. Mesmo assim, o índice ainda é um dos menores do País. Se continuar nesse caminho, o Estado pode superar a pandemia sem sair das 5 melhores posições no quesito letalidade. Atualmente, é o 22º nesta taxa dentre os 27 unidades da federação.
Com base em dados divulgados pela SES (Secretaria Estadual de Saúde), o Estado tinha taxa de letalidade de 1,5% em 1º de agosto. Ou seja, a cada 75 infectados pela covid-19, um faleceu.
Hoje, mais de um mês depois, Mato Grosso do Sul apresenta taxa de 1,8% - aumentou cerca de 20% a quantidade proporcional de pessoas que faleceram, o que representa uma morte a cada 55 pessoas doentes.
Com base nos dados do Ministério da Saúde, o Brasil como um todo registrou taxa de 3,5% até 1 de agosto, e vem decrescendo desde então, atualmente estacionado em 3,1% - reduzindo pouco menos de 20%.
O gráfico a seguir mostra que a média nacional vem caindo, ao passo em que a letalidade no Mato Grosso do Sul vem aumentando gradativamente - número sempre ressaltado secretario estadual de saúde, Geraldo Resende, durante live da última terça-feira (8). Veja:
Segundo a médica infectologista Mariana Croda, a taxa de letalidade é influenciada pelo número de testes realizados, que acabam comprovando a doença em um número maior de pessoas. "Como o Estado tem relativamente uma ampla testagem, conseguimos fazer com que a taxa ficasse mais baixa que outros estados, que usam o teste PCR apenas em casos graves de SRAG [Síndrome Respiratória Aguda Grave], e com isso você só tem uma amostra dos pacientes internados".
Quando você testa paciente assintomáticos, aqueles que não estão no hospital, como com testes rápidos e drive-thru, isso dilui o número e faz com que a taxa seja baixa. Isso não quer dizer que seja menos grave, mas sim refletir um viés que é o aumento da testagem, incluindo o teste rápido, que foi adquirido por muitos municípios".
Ela também cita o acesso à saúde como fator determinante para a redução da letalidade, reduzindo a quantidade de pessoas que não resistem à covid-19. "Um melhor acesso ao sistema de saúde e serviços de saúde explicaria em parte a diferença da letalidade entre as regiões de saúde. A macrorregião de Corumbá, por exemplo, possui maior letalidade, o que pode ser explicado pelo acesso de serviço de saúde e qualidade dos serviços de urgência da região".
De acordo com a diretora presidente do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), Rosana Leite, é importante não somente testar a população, como também realizar isolamento de forma eficaz. "As estratégias feitas pelos países que testaram melhor não foi só testagem, é necessário identificar e isolar também. Testar por testar não vai ser eficiente na prática".
"É importante a gente saber que indiretamente, nosso país adotou a 'imunidade de rebanho'. As medidas não são rígidas, e mesmo se fossem, as populações não conseguiram responder. A Coreio do Sul, por exemplo tem outra cultura. Lá a pessoa é testada, identificada e fica isolado de verdade", frisa a médica Rosana Leite.
O mapa abaixo classifica a taxa de letalidade em cada unidade federativa do País; quanto mais forte a coloração, maior o índice:
Por região - Para localizar o Estado dentre as unidades federativas em cada região do Brasil, e ver como a doença é letal em comparação aos demais estados, o Campo Grande News levantou cada taxa de letalidade com base em dados divulgados pelo Ministério da Saúde até terça-feira (8).
Na região Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul possui menor taxa que Goiás (2,4%) e Mato Grosso (3%), mas está um pouco pior que o Distrito Federal (1,6%).
UF | Casos acumulados | Mortes acumuladas | Letalidade |
MT | 98206 | 2932 | 3,0 |
GO | 147728 | 3475 | 2,4 |
MS | 54125 | 970 | 1,8 |
DF | 170806 | 2720 | 1,6 |
Se compararmos com os estados da região Sul do Brasil, Mato Grosso do Sul perde apenas que Santa Catarina (1,3%), mas está melhor que Rio Grande do Sul (2,6%) e Paraná (2,5%).
UF | Casos acumulados | Mortes acumuladas | Letalidade |
RS | 143952 | 3756 | 2,6 |
PR | 143853 | 3577 | 2,5 |
MS | 54125 | 970 | 1,8 |
SC | 189477 | 2422 | 1,3 |
Na relação com os estados da região Sudeste, Mato Grosso do Sul tem melhor índice que todos. Rio de Janeiro (7,1%) é o pior do País nesse quesito, seguido de São Paulo (3,7%), Espírito Santo (2,8%) e Minas Gerais (2,5%).
UF | Casos acumulados | Mortes acumuladas | Letalidade |
RJ | 233052 | 16593 | 7,1 |
SP | 857330 | 31377 | 3,7 |
ES | 115793 | 3268 | 2,8 |
MG | 236012 | 5851 | 2,5 |
MS | 54125 | 970 | 1,8 |
Mato Grosso do Sul também apresenta dados bem mais positivos que os estados do Nordeste do Brasil. Pernambuco (5,8%) encabeça a lista dessa região, seguido do Ceará (3,9%), Rio Grande do Norte (3,6%), Sergipe (2,6%), Alagoas (2,4%), Paraíba (2,3%), Piauí (2,3%), Maranhão (2,2%) e Bahia (2,1%).
UF | Casos acumulados | Mortes acumuladas | Letalidade |
PE | 132420 | 7721 | 5,8 |
CE | 222445 | 8566 | 3,9 |
RN | 63810 | 2294 | 3,6 |
SE | 73846 | 1898 | 2,6 |
AL | 80786 | 1936 | 2,4 |
PB | 109706 | 2550 | 2,3 |
PI | 82282 | 1901 | 2,3 |
MA | 158310 | 3518 | 2,2 |
BA | 271963 | 5693 | 2,1 |
MS | 54125 | 970 | 1,8 |
Já em relação à região Norte, três estados seguem em situação melhor que a de MS. Apenas Amazonas (3,1%), Pará (3%), Acre (2,5%) e Rondônia (2,8%) têm taxa mais preocupante que Mato Grosso do Sul. Amapá (1,5%), Tocantins (1,3%) e Roraima (1,3%) tem dados mais positivos.
UF | Casos acumulados | Mortes acumuladas | Letalidade |
AM | 123905 | 3849 | 3,1 |
PA | 208259 | 6257 | 3,0 |
AC | 25469 | 624 | 2,5 |
RO | 58237 | 1187 | 2,0 |
MS | 54125 | 970 | 1,8 |
AP | 44863 | 673 | 1,5 |
TO | 55906 | 754 | 1,3 |
RR | 45253 | 598 | 1,3 |