A gente anunciou, mas não prometeu: nuvem de gafanhoto e até ciclone bomba
O "ciclone" que provocou estragos na região sul do país até chegou a MS, mas em intensidade menor

Não tem jeito, é dezembro chegar para as lembranças de um ano inteiro começarem a surgir. É assim nas redes sociais, na conversa entre amigos e familiares, nos comerciais e, claro, no jornalismo.
O ano de 2020 foi difícil. Relembrar alguns momentos mais ainda. No Campo Grande News materiais de diferentes editorias começaram a ser publicados na manhã do dia 22 de dezembro, relembrando os principais acontecimentos do ano. E ainda não acabou.
Mostramos quase tudo o que aconteceu, mas você se lembra do que ficou no “quase”. Teve alerta para nuvem de gafanhotos, geada e até “ciclone bomba”.
No fim de junho, o governo de Mato Grosso do Sul anunciou que estava monitorando nuvens de gafanhotos que devastaram plantações no país vizinho, o Paraguai. Nove focos registrados no lado de lá da fronteira passaram a ser monitorados e MS começou a se preparar para possíveis chances de combate.
Inclusive, um comitê foi montado para monitorar o deslocamento dos animais. O inverno atípico, com temperaturas mais altas, também deixou pesquisadores em alerta. Os profissionais Éder Comunello, Crébio José Ávila e Celso de Souza Martins chegaram a escrever artigo sobre o assunto.
“Podemos ter um grande problema quando o inverno é atípico com temperaturas maiores. O frio do inverno, inclusive com geadas e precipitações, é muito importante para conter a praga […], pois diminui o metabolismo dos insetos, o que impede seu deslocamento e danos nos cultivos”, alertaram.
Nuvem de gafanhotos chegou a se aproximar 300 quilômetros do Estado, mas mudanças no tempo fizeram com que os bichos tomassem outro rumo. É o que explica a meteorologista Franciane Rodrigues, do Cemtec-MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS).
“Esses gafanhotos gostam de estações quentes e secas. Temperaturas mais baixas e umidade costumam afastar os insetos, que alteram a rota migratória em razão dessa mudança desfavorável para a espécie. Naquela semana as condições meteorológicas favoreciam a chegada de uma frente fria e a formação do ciclone bomba nos litorais gaúcho e catarinense, condições que garantiram que a praga não atravessasse a fronteira para o lado brasileiro”, afirmou.

Frio intenso – Comuns na região sul de Mato Grosso do Sul, no inverno, as chances de geada chegaram a ser anunciadas para Campo Grande. A expectativa da meteorologista era de temperaturas muito abaixo do normal, na Capital, no dia 22 de agosto.
Mas, não foi o que aconteceu. Na data, quando o esperado era mínima de -1°C, o sábado começou com tempo limpo, apesar dos termômetros registrarem 6°C nas primeiras horas do dia. A sensação térmica por volta das 6h era de 4°C.
“Ciclone bomba” - Em junho e julho, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) divulgou alerta para temporal, acompanhado de ventos forte, que poderiam chegar a 100 km/h. O “fenômeno” até aconteceu, mas em níveis mais baixos do que o esperado.

A passagem do “ciclone bomba” chegou fraca e não provocou estragos em Mato Grosso do Sul, ao contrário de estados do Sul do País que contabilizam incontáveis estragos. Por aqui, os ventos chegaram a 65,5 km por hora e segundo a Coordenadoria estadual de Defesa Civil, nenhuma das coordenadorias municipais notificou incidentes em decorrência dos ventos.
“Ele [o ciclone bomba] aconteceu em meados da virada de junho para julho (01.07) e trouxe destruição nos estados do sul do país com pelo menos 12 mortos e considerado um dos maiores desastres de ventos da história de Santa Catarina. Para Mato Grosso do Sul tivemos rajadas de vento de entre 60 e 70 km/h durante os dias 30.06 e 01.07 e poucas chuvas registradas”.