Acusado de encomendar duplo homicídio, policial de MS é julgado em Minas Gerais
Subtenente Molina já foi condenado em Mato Grosso do Sul por tráfico e lavagem de dinheiro
Condenado na operação Laços de Família, o subtenente Silvio César Molina Azevedo é julgado nesta quinta-feira (dia 20) em Leopoldina (Minas Gerais) acusado de encomendar duplo homicídio. O julgamento começou ontem, com interrogatório dos réus e depoimento de testemunhas, e será encerrado hoje.
Molina, Marco Aurélio Scheffer – que seria funcionário no esquema de tráfico do policial – Alan Faria Ruback e o filho Gabriel Ferreira Ruaback foram acusados pela Justiça mineira de envolvimento na execução de Nasser Kadri, traficante conhecido como “Turcão”, e Eneias Mateus de Assis, o “Gago”.
Em novembro do ano passado, Gabriel foi absolvido por falta de provas, enquanto Alan foi condenado por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, dissimulação e meio cruel) e sentenciado a 49 anos de prisão.
Agora, Molina e Marco Aurélio, apontado como um dos executores do crime, estão no banco dos réus. De acordo com o advogado Marcos Ivan Silva, a defesa de Molina segue apenas uma linha: negativa de autoria do crime.
Minas – O duplo homicídio foi em 9 de janeiro de 2018. Nasser Kadri, o Turcão, e Eneias Mateus de Assis foram assassinados em uma emboscada, com golpes de facas e tiros, na zona rural de Recreio, município de Minas Gerais.
Depois de executados, tiveram os corpos jogados no Rio Pomba.
Apesar de o crime ter acontecido em outro Estado, Turcão viveu em Mato Grosso do Sul por anos e protagonizou, segundo a polícia, disputa pelo comando do tráfico de drogas em Mundo Novo com a família de Molina.
Conforme a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais, Silvio Molina e Nasser Kadri chefiavam organizações criminosas rivais no município sul-mato-grossense e, ao longo dos anos, ordenaram ataques violentos um contra o outro.
Em março de 2015, Nasser e o irmão foram vítimas de atentado. Meses depois, em retaliação, tentaram matar o filho do subtenente da Polícia Militar, Jeferson Molina, que conseguiu escapar e ainda executou um dos pistoleiros. Quase dois anos depois, um novo atentado terminou com a morte de Jeferson a tiros. Já Turcão se mudou para Minas Gerais, mas teria sido atraído para a emboscada, onde foi morto ao lado do funcionário de confiança.
Apesar dos conflitos entre Molina e a vítima, a morte de Turcão só foi atribuída ao policial com a Operação Laços de Família, deflagrada pela PF (Polícia Federal) em 2018.
Durante o cumprimento dos mandados busca e apreensão, os policiais encontraram ligações entre os suspeitos e também um celular sem chip em que estava armazenado fotos das vítimas. Molina foi afastado da PM e condenado a 61 anos por tráfico de maconha e lavagem de dinheiro.
À época, as redes sociais mostravam o estilo ostentação, com veículos de luxo, viagem para Europa e festas de arromba.