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Cidades

Com 108% lotadas, só morte libera vaga de UTI

A Secretaria de Saúde já admite que há muitas pessoas intubadas em leitos clínicos, por falta de vagas em UTIs no Estado

Guilherme Correia | 16/12/2020 12:08
Paciente internado em hospital de Campo Grande (Foto: Marcos Maluf/Ilustrativa)
Paciente internado em hospital de Campo Grande (Foto: Marcos Maluf/Ilustrativa)

A ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na macrorregião de Campo Grande chegou a 108% nesta quarta-feira, conforme boletim epidemiológico.

O número supera os 100% por 3 situações: 1 - porque há pessoas em estado grave, recebendo o tratamento em unidades que não são destinadas aos pacientes com covid; 2- recebem o atendimento em alas que não são Unidades de Terapia Intensiva, 3 - estão em leitos que já foram reativados pelo governo estadual, mas ainda não foram habilitadas oficialmente pelo Ministério da Saúde, então não são somadas na comparação com internações..

Segundo o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, há até pacientes intubados ocupando leitos improvisados, "apelidados de semi-intensivos", enquanto aguardam liberação de vagas em UTIs. A curto prazo, o secretário diz que é lamentável que as vagas só sejam liberadas conforme novas mortes acontecem.

A taxa excedente de lotação hospitalar indica que há mais demanda do que leitos disponíveis. Em transmissão na manhã de hoje, Resende explicou que "muitas pessoas em alas vermelhas de hospitais, aguardando o leito ser aberto, ou aguardando inclusive 'ultimar' a remoção de alguém que foi a óbito".

Esse é o quadro, estamos prestes ao colapso. Há muitas pessoas em leitos clínicos, mas intubados, em chamados leitos semi-intensivos para aguardar vaga no leito de UTI", disse.

A conta explicada pelo titular da SES (Secretaria Estadual de Saúde) durante live na manhã de hoje (16) parte de que a cada 100 pacientes com covid-19, ao menos cinco terão de ser internados em leitos clínicos ou de terapia intensiva. Com 1.981 novos casos registrados em boletim atualizado, a previsão é que mais de cinquenta precisariam de internação. "Não temos esses leitos clínicos. Chegamos a nossa capacidade máxima", alertou.

"Precisamos abolir por completo as festas. Vejo dizendo que podemos ter festa com 80 , 100 pessoas [...] podemos ter no máximo reuniões com 10 pessoas se for imprescindível de fazer. As festas de fim de ano precisam estar restritas ao núcleo da família", preconizou.

Segundo ele, o número de casos em Campo Grande tem sido "muito preocupante", já que a cidade confirmou 765 novos casos em 24 horas. Ele menciona que mesmo com toque de recolher decretado pelo governo estadual, os municípios não estão impedidos de estipularem medidas mais restritivas, mas que é impossível adiar o toque de recolher. "É desmerecer o trabalho", aponta.

Não vamos expor a nossa população. Talvez janeiro seja o pior mês da pandemia no Brasil e talvez o pior em Mato Grosso do Sul se não tiver a colaboração da população. Podemos mudar essa situação se vocês nos ajudarem", pediu.

Além de novas pessoas contraindo o vírus, o Estado confirmou mais 11 vítimas em Ponta Porã, Amambai, Campo Grande (5), Antônio João, Rio Verde de Mato Grosso e Maracaju. Com isso, são 1.981 óbitos pela covid-19 desde o início da pandemia em solo sul-mato-grossense, além de 116.612 confirmados.

Mesmo que, felizmente, há mais de 100 mil pessoas curadas da doença, há mais de 14.976 pessoas com o vírus ativo - em quarentena, internados, ou até mesmo sem rastreamento pela pasta estadual.

Ativação de leitos - A boa notícia, segundo o titular da pasta, são 10 novos leitos para atendimento do coronavírus ativados no Hospital do Pênfigo nos últimos dias, além de oito leitos de enfermaria. Ele também diz que há previsão de 10 novos leitos a serem ativados pela Santa Casa de Campo Grande.

Secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, durante transmissão da pasta (Foto: Arquivo)
Secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, durante transmissão da pasta (Foto: Arquivo)

"Há pouco entregamos mais cinco ventiladores em um hospital de iniciativa privada, com equipamentos já muito tempo usados. No Hospital Evangélico de Dourados substituímos todo o aparato de UTIs. Lá houve diminuição dos leitos, e com participação do Ministério Público queremos reabri-los para ter leitos para nossa gente".

Mesmo assim, Resende menciona que a dificuldade na reabertura de estruturas destinadas ao tratamento da doença se dá pela falta de profissionais capacitados para manusear os equipamentos. "Não há médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos de enfermagem. Não há profissionais para fazer manejo adequado de pacientes em leitos".

Portanto, diz, a única prevenção que está ao alcance da população no momento são as medidas de higiene básica, isolamento social e uso de máscaras.

A expectativa na visão do secretário é que as vacinas sejam capazes de controlar a pandemia quando estiverem disponíveis, e promete que elas serão entregues em todos os municípios de Mato Grosso do Sul ao mesmo tempo: "Serão empregadas no mesmo horário, inicialmente nos grupos prioritários", diz.

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