Com 8% sem responder, população ainda pode participar do Censo
Coleta nas ruas acabou, mas quem não respondeu pode procurar o órgão via ligação no telefone 0800 721 8181
Até esta sexta-feira (3), cerca de 92% da população estimada de Mato Grosso do Sul respondeu ao Censo 2022, elaborado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os demais 8% não responderam, mas mesmo que a coleta nas ruas tenha sido encerrada, ainda é possível responder.
Vale ressaltar que em nenhum território do mundo, mesmo em outros Censos no Brasil, é possível garantir que toda a população seja ouvida. Desta forma, técnicas de análise de dados e estatística são colocadas em prática, para que eventuais desvios sejam apurados e corrigidos.
A vendedora Luara de Oliveira, de 29 anos, mora no Bairro Universitário e comenta que, até o momento, não foi ouvida pelo IBGE. “Não sei se foram na minha casa, fico o dia todo fora e só fico no domingo. Para mim, também não ligaram, e não faço ideia para que serve”.
Por outro lado, a vendedora Maria Grazielly, de 26 anos, que mora no mesmo bairro que Luara, comenta que recebeu agentes há dois meses. “Foi muito rápido, nem lembro direito as perguntas, mas sei que é bom para saber como está o andamento do bairro e da população, em Campo Grande”.
"Serve para a gente ter base para a prefeitura, por exemplo, saber estatisticamente sobre as pessoas no bairro”.
A autônoma Isadora Barbosa da Silva, de 23 anos, mora no Jardim Aeroporto, em Campo Grande, e relata que a sogra, que mora junto a ela, foi ouvida pelo Censo no meio do ano passado. “Achei tranquilo, perguntaram quantas pessoas tinham na casa”.
Ainda que não tenha tido receio em receber os agentes recenseadores, ela comenta que ficou com algumas dúvidas sobre o porquê da pesquisa. “Tenho dúvidas, não sei direito o motivo que eles vão nas casas perguntar. Quem atendeu na época foi minha sogra".
A empresária Ana Paula Andreotti, de 40 anos, é moradora do Piratininga e não soube dizer se alguém foi até o domicílio. O próprio IBGE, no entanto, ressalta que qualquer indivíduo acima dos 12 anos pode responder os questionamentos e que é comum que um morador responda e acabe não avisando aos demais.
O Censo Demográfico acontece a cada dez anos, possibilita análises socioeconômicas do País e pode contribuir para a formação de políticas públicas. De acordo com o IBGE, o levantamento “constitui a principal fonte de referência para o conhecimento das condições de vida da população em todos os municípios do País e em seus recortes territoriais internos, tendo como unidade de coleta a pessoa residente, na data de referência, em domicílio do Território Nacional”.
A pesquisa que estava prevista para acontecer em 2020 foi adiada por causa da pandemia da covid-19 e de cortes orçamentários. Além da recusa, outros motivos contribuem para o atraso no término da pesquisa, como a falta de recenseadores. Os salários são considerados baixos e provocam desinteresse na população.
O Censo acabou?
Vale ressaltar que mesmo com o fim oficial da coleta de dados nas ruas, em 28 de fevereiro, os técnicos do IBGE seguem no trabalho de análise dos dados, com previsão da divulgação do resultado final no fim de abril. Em março, serão ainda feitas as tarefas de apuração e verificação para aferir a qualidade do trabalho da operação censitária.
Assim, quem não respondeu, ainda pode procurar o órgão via ligação gratuita no telefone 0800 721 8181.
Nesta reta final, os supervisores técnicos do IBGE podem determinar retornos pontuais aos recenseadores em campo. Isso significa que determinados bairros em algumas cidades de Mato Grosso do Sul ainda podem passar por ações de recenseamento para conferência de dados ou mesmo para determinar se domicílios originalmente encontrados vazios estão, de fato, desocupados.
Não respondi o Censo, e agora?
O IBGE realiza ao menos três tentativas de contato com as pessoas selecionadas para responderem à pesquisa, que dura cerca de três minutos. Responder ao IBGE é um dever legal de todos os brasileiros. Aqueles que se recusarem poderão ser multados. De acordo com a Lei nº 5.534, de 14 de novembro de 1968, quem se negar a prestar informações solicitadas “ficará sujeito à multa de até 10 (dez) vezes o maior salário-mínimo vigente no País, quando primeiro; e de até o dobro desse limite quando reincidente. Caso a recusa seja reincidente, o cidadão pode ser multado em até 10 vezes o valor do salário mínimo”.
Ou seja, considerando que o salário-mínimo de 2023 é de R$ 1.320, a multa pode chegar a R$ 13,2 mil. No Estado, foi disponibilizado o número 0800 721 8181.
Vale lembrar que a lei garante que os dados coletados pelo instituto são sigilosos e são usados apenas para fins estatísticos. “Não poderão ser objeto de certidão, nem, em hipótese alguma, servirá de prova em processo administrativo, fiscal ou judicial”.
Andamento do Censo
Ao Campo Grande News, o IBGE informou que esperavam encontrar 1.111.656 domicílios, mas registrou 1.204.704 domicílios, um número 10,8% maior que o estimado. Tais dados têm caráter provisório, já que no final de abril está prevista a divulgação de dados preliminares do Censo.
No Estado, foram efetivamente recenseadas 2,6 milhões de pessoas. Destas, 49% são homens e 51% são mulheres. A média de pessoas por domicílios ficou em 2,82.
Em março, serão ainda feitas as tarefas de apuração e verificação para aferir a qualidade do trabalho da operação censitária. Os resultados iniciais do Censo estão previstos para o final de abril, quando serão divulgadas as populações totais.