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Cidades

Crianças e adolescentes podem desenvolver síndrome rara até 3 meses após covid

Pais devem ficar atentos a inchaço das mãos e pés, dores abdominais, diarreia, vômito, confusão mental e vermelhidão nos olhos

Ana Paula Chuva | 22/10/2020 15:55
Sepultamento da adolescente que morreu sob suspeita da SIM-P (Foto: Kísie Ainoã)
Sepultamento da adolescente que morreu sob suspeita da SIM-P (Foto: Kísie Ainoã)

A SIM-P (Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica) “ganhou” a atenção nessa semana em Mato Grosso do Sul. Após a morte da adolescente de 15 anos que testou  positivo para covid-19, a suspeita da síndrome rara trouxe preocupação para quem trabalha na área da saúde.

De acordo com o médico pediatra e coordenador da linha assistencial materno-infantil, Alberto Cubel Brull Júnior, o mais preocupante na síndrome é a maneira como ela se manifesta em crianças e adolescentes de 4 a 17 anos, já que os sintomas podem aparecer meses depois da covid-19.

“Ela simula a doença de Kawasaki, uma doença já conhecida por nós. A SIM-P foi vista a primeira vez em abril no Reino Unido e depois em outros países. Alguns casos foram observados que os sintomas da síndrome apareceram um bom tempo depois da criança ter tido sintomas de covid-19 e em outros não foram nem encontrados sinais da covid-19, então acredita-se ser uma reação tardia da doença”, explicou o médico.

Ao Campo Grande News ele explicou que entre os sintomas estão a febre alta e persistente, o inchaço das mãos e pés,  dores abdominais, diarreia, vômito, confusão mental  e vermelhidão nos olhos.

 “OS sintomas da síndrome são parecidos com outras doenças. Por isso os pais devem procurar imediatamente o pronto socorro caso a criança tenha a febre alta por mais de 3 dias que não ceda com remédios, manchas no corpo, uma conjuntivite sem secreção, inchaço nas mãos e pés, dores abdominais”, detalhou.

“Se a criança manifestar esses sintomas é preciso procurar o atendimento imediatamente porque é na evolução da síndrome que vem o choque, ou seja, a pressão arterial tem uma queda brusca e os órgãos param causando o óbito da criança ou adolescente”, completou o pediatra.

O médico ressalta que como a maioria das crianças é assintomática e às vezes passam pela covid-19 sem perceber é preciso ficar atento já que a manifestação da síndrome pode ser tardia.

“A gente fica preocupado. As crianças geralmente são assintomáticas, mas essa síndrome pode se manifestar até dois meses depois sem a criança ou adolescente sequer ter tido sintoma de covid-19. Por isso os pais devem manter as medidas de biossegurança. Uso de máscara, higienização com álcool gel e manter o isolamento social”, concluiu.

Caso da menina está sob investigação e é o 2º suspeito no Estado. (Foto: Kisiê Ainoã)
Caso da menina está sob investigação e é o 2º suspeito no Estado. (Foto: Kisiê Ainoã)


Morte da adolescente - A menina vivia no Jardim Morenão, teve os sintomas agravados no dia 19 de outubro, foi internada e faleceu na terça-feira (20), sendo a 652ª morte na Capital e a vítima mais jovem de covid em Mato Grosso do Sul.

Ela ficou internada por cinco dias no Hospital Unimed, depois de dar entrada no dia 16, com sintomas como vômito, dor abdominal, vertigem e episódios de perda de consciência.

Como havia exames pregressos que mostravam uma possível inflamação na área abdominal, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que a adolescente passou por cirurgia para investigar e identificar o foco da infecção, quando foi feita a retirada do apêndice.

Na terça-feira (20), foi declarada a morte encefálica e iniciado protocolo para doação de órgãos, autorizado pela família. Neste momento, ainda conforme a Sesau, foi feito o teste RT-PCR, que constatou a covid. A recuperação da cirurgia em si, a princípio, não está relacionada com a morte da paciente.

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