Dono de avião apreendido em Porto Murtinho foi alvo da PF em 2021
Carlos Eduardo Marques da Silva foi alvo de operação contra tráfico de drogas internacional na fronteira de MS
O dono da aeronave modelo Cessna Aircraft, prefixo PT-BPE, apreendida em Porto Murtinho, cidade a 439 quilômetros de Campo Grande, na última quarta-feira (5), pertence a Carlos Eduardo Marques da Silva, o Colibri, alvo da operação da PF (Polícia Federal) em novembro de 2021.
De acordo com a delegada Ana Claudia Medina, titular do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), o avião estava com ordem judicial para apreensão desde 2021, decretada pelo Juízo da 1ª Vara Federal de Corumbá.
“O avião não tinha sido localizado ainda. Estava escondido em fazenda de outra pessoa. O local tem pista clandestina. Estava com condição de voo, por isso, foi desmontado e trazido por terra.”
A aeronave estava com Carlos Eduardo desde 2014. Ele foi alvo a Operação Cânis, que mirava traficantes que atuavam na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e Bolívia. A ação foi deflagrada no dia 24 de novembro de 2021 e foi resultado de investigação após o líder da organização criminosa tentar fugir de uma abordagem policial no posto de imigração em Corumbá, dois anos antes.
Carlos foi apontado como piloto da organização criminosa, responsável pela compra e manutenção de aeronaves para o transporte de drogas e numerário, além de cooptar pilotos para o esquema. Ele possuía registrados de voos que envolviam o itinerário Paraguai, Bolívia, Brasil, Venezuela, Guiana e Colômbia.
Na ocasião, foram encontrados com ele anotações com extensa contabilidade criminosa, dez aparelhos celulares e documento falso. Ele já havia sido preso em 2017, na Argentina, com 16 mil dólares.
A aeronave, segundo Medina, é avaliada em R$ 2,5 milhões, sendo R$ 1,5 milhão do avião e R$ 1 milhão do painel de navegação. Ele conta com GPS, rádio, equipamentos digitais que o deixam potente para navegação aérea.
“A aeronave tem diversos instrumentos instalados que não são autorizados pela agência reguladora. Inclusive, verificamos instalações dentro dela para arremesso de carga. Que já leva à questão de tráfico de drogas por arremesso”, disse a delegada.
Além disso, conta com um trilho e um dispositivo na porta do lado do copiloto, aumentando o campo de visão do lado de fora da aeronave. Tudo indica que ele era usado para tráfico de drogas. Ainda conforme a delegada, agora as informações serão submetidas à Polícia Federal, responsável pela investigação.
Ao Campo Grande News o advogado Tiago Bunning se limitou a dizer que Carlos é piloto agrícola e jamais teve qualquer envolvimento na prática de crimes. Afirmou ainda que a aeronave apreendida não tem nenhum registro de voo realizado para transportar algo ilícito. A investigação tramita na Justiça Federal de Mato Grosso do Sul.
(*) Matéria editada para acréscimo de resposta.