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Cidades

Em ano de quarentena, golpes pelo telefone e computador crescem 5 vezes em MS

Novo alvo dos criminosos são os beneficiários do auxílio emergencial; polícia alerta para envio de links em grupos de WhatsApp

Silvia Frias e Clayton Neves | 05/05/2020 11:07
Mulher usa o celular enquanto espera na fila para saque de auxílio emergencial; benefício virou xamariz entre golpistas (Foto/Arquivo: Marcos Maluf)
Mulher usa o celular enquanto espera na fila para saque de auxílio emergencial; benefício virou xamariz entre golpistas (Foto/Arquivo: Marcos Maluf)

Em tempos de quarentena, o uso das redes sociais se intensificou e, na esteira, ampliou o campo de ação de criminosos. Em Mato Grosso do Sul, o número de registros policiais de vítimas de golpes pelo celular, mensagens ou computador já aumento cerca de cinco vezes este ano.

“A tendência é aumentar ainda mais”, alertou o delegado Mikaill Faria, delegado do 1º DP (Distrito Policial), dizendo que a nova vertente dos golpes são os beneficiários do auxílio emergencial de R$ 600.

Segundo reportagem do UOL, o Dfndr Lab, laboratório especializado em segurança digital da PSafe calcula que o golpe que promete auxílio emergencial já atingiu mais de 7 milhões de pessoas no Brasil, de março até 4 de abril.

Pessoas que tiveram problema no cadastramento recebem informativos que seriam da CEF (Caixa Econômica Federal), em que são pedidos dados cadastrais para acessar link ou de redirecionamento para página de cadastro. “As pessoas acabam disseminando isso no grupo de amigos ou da família”.

Segundo o delegado, as vítimas acabam tendo o WhatsApp bloqueado. O golpista assume comunicação e dispara mensagens para os contatos, pedindo dinheiro repassando número da conta. Além disso, também acabam dados como CPF, RG e dados bancários usados em outros golpes.

Delegado diz que tendência é aumentar registros (Foto: Henrique Kawaminami)
Delegado diz que tendência é aumentar registros (Foto: Henrique Kawaminami)

Esses golpes são regularmente registrados como invasão de dispositivo informático. O objeto material do crime é capturar dados e/ou bloquear a vítima, passando a controlar o sistema. Este dispositivo pode ser computador, notebook, tablet, Ipad e telefones celulares.

Somente este ano, segundo dados da Polícia Civil de MS, já foram 288 boletins de ocorrência com essa tipificação, quase cinco vezes a mais do que em igual período do ao passado, em que foram 55.

Hoje, uma professora de 28 anos, engrossou essa estatística, depois de ter recebido mensagem enviada pela mãe de um aluno, contato que fazia parte de grupo criado para repassar tarefa.

A mensagem de ajuda chegou de forma privada e a professora disse que não entendeu o conteúdo. Em seguida, recebeu link, tentou acessar o contato e foi bloqueada. Logo depois, tio dela ligou, perguntando se estava tudo bem, pois estranhou mensagem da sobrinha, querendo saber se o aplicativo do banco estava funcionando.

A professora não conseguiu acessar mais o WhatsApp e soube que a cunhada recebeu mensagem, atribuída a ela, pedindo transferência de R$ 980, a ser depositada em conta da Caixa. Quando a cunhada percebeu que era um golpe, mandou mensagem de “a casa caiu” e passou a receber foto das partes íntimas de alguém, bloqueando o contato.

Ofertas – o delegado alertou ainda para os outros golpes já conhecidos e que ainda estão em franca expansão, relacionados a sites de compra com “ofertas milagrosas”: produtos com 70%, 80% de desconto, livre de fretes e com pagamento apenas em boleto bancário. Nessa modalidade, segundo Faria, o extorno pode demorar mais que no cartão, facilitando a ação dos criminosos.

A polícia tenta rastrear os criminosos, muitos, de presidiários com acesso à Internet. O delegado explica que há quadrilhas especializadas, que enviam links semelhantes aos oficiais e utilizam de linguagem mais formal, dificultando a identificação do golpe.

O delegado orienta que, na dúvida, não acesse links com ofertas mirabolantes ou de informativos bancários que peçam que a pessoa cadastre dados pessoais, mesmo que enviado por amigos ou familiares. Segundo ele, é mais seguro ligar para a pessoa e confirmar se foi ela mesma que enviou a mensagem.

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