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Cidades

Em MS, 97% das mortes por covid foram de pessoas não imunes

Mortes de idosos reduziram no geral, mas já era previsto que vacina não daria 100% de proteção a ninguém

Guilherme Correia | 29/06/2021 10:15
Mulher é vacinada contra a covid em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Mulher é vacinada contra a covid em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Cerca de 97% das pessoas que morreram de covid-19 durante todo o ano de 2021, até agora, não tinham tomado as duas de vacina e passados 15 dias após a 2ª aplicação do imunizante. Isso é o que mostra levantamento feito pelo Campo Grande News, com base em dados do Ministério da Saúde, que divulga registros anônimos de pacientes que tiveram fortes sintomas respiratórios e, inclusive, se tomaram ou não vacina.

Em geral, os imunizantes exigem que, para existir total eficácia prevista em bula, sejam tomadas as duas doses e esperados cerca de duas semanas após a dose de reforço. A reportagem, para essa análise, considerou os pacientes cujo óbito foi confirmado pela covid-19 e que estavam dentro dessa classificação.

O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, explica que muitos municípios sul-mato-grossenses têm apresentado baixo índice de aplicação da 2ª dose, o que pode influenciar a imunidade coletiva dos habitantes. Segundo ele, é importante manter os cuidados de prevenção mesmo imunizados, já que as vacinas não garantem 100% de eficácia.

"É preciso tomar os cuidados, uso de máscaras, higiene das mãos, até que tenhamos mais de 80% da população vacinada. Espero que a população que já tomou a 1ª dose volte para tomar a 2ª, para que possa acontecer essa vacinação em massa para ter a imunidade coletiva", diz Resende.

A imunologista e professora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Inês Tozetti, ressalta que ainda não é possível afirmar com certeza os impactos da vacinação, sobretudo por conta do baixo índice de aplicação da 2ª dose, mas explica que é cada vez mais importante se vacinar.

Ela também destaca que as vacinas em geral não impedem a infecção pelo coronavírus, mas sim reduzem as formas moderadas e graves da doença, como internação ou óbito, índices que tiveram redução, no geral, em meio aos idosos. "Embora tenha diminuído o número de óbitos, em nossa cidade o número de casos de infecção está elevado. Devemos portanto, continuar, mesmo vacinados utilizando a máscara e higienizando as mãos", recomenda.

Segundo Tozetti, a população deve acreditar em resultados dos estudos e resultados oficiais e não em casos isolados ou em notícias repassadas em grupos de mídias sociais, que acabam confundindo sobre a importância da vacina para a saúde pública.

Vale lembrar que países com vacinação em massa, que já contemplam grande parte da população, já têm reduzido expressivamente as curvas de óbitos pela covid. Israel ou os Estados Unidos, por exemplo, apresentam redução nesses índices desde janeiro e já retomam atividades econômicas com muito menos restrições.

Eficácia - Os dados indicam que 187 pacientes, em Mato Grosso do Sul, com ciclo vacinal finalizado, morreram em decorrência da covid-19. Maior parte deles era do principal grupo de risco da doença, os idosos. A média de idade dessas vítimas era de 79 anos, maior parte tinha comorbidades e apenas sete pacientes analisados tinham menos de 60.

Outro fator importante é que a maioria tinha sido vacinado com a Coronavac, mas vale ressaltar que foram aplicadas mais doses dessa vacina, produzida pelo Instituto Butantan, do que as demais, não apenas em Mato Grosso do Sul, como em todo o País.

Esses imunizantes sino-brasileiros tiveram uma importância muito grande no começo da campanha de vacinação, já que foi aplicado em maior quantidade a partir de meados de janeiro, quando o público-alvo era mais vulnerável e o Brasil passava por um dos piores momentos da pandemia, com a chegada de novas cepas.

Conforme os estudos clínicos, a Coronavac tem eficácia menor se comparado a outras patentes, mas recebeu aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e da OMS (Organização Mundial da Saúde) por cumprir critérios de exigência.

Dados - Foi analisado a data de aplicação do 2º imunizante e a data do início dos primeiros sintomas de mais de 4,8 mil pacientes que foram vítimas da doença e que tiveram sintomas de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em MS, e classificados apenas os que tinham a diferença quinzenal entre esses dois dias.

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