Fronteira de MS vai receber mais 15,5 mil vacinas da Janssen para estudo
Ao todo, serão 165,5 mil doses únicas para vacinar população de 18 ou mais; aumento veio de "reserva técnica"
O quantitativo de vacinas destinado à fronteira de Mato Grosso do Sul aumentou e agora serão 165,5 mil doses da Janssen (e não mais 150 mil), que deverão imunizar pessoas com 18 anos ou mais nos 13 municípios com fronteira seca com Bolívia ou Paraguai.
Além disso, as demais 66 cidades sul-mato-grossenses receberão, ao todo, 41.550 doses deste imunizante, além de 26.910 doses da Pfizer. Para o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, essa é a "melhor notícia" que o Estado poderia receber nesta semana.
O titular da SES (Secretaria Estadual de Saúde) também ressalta o esforço coletivo feito por todos os envolvidos para esse aumento, que vem da "reserva técnica" do Ministério da Saúde, que beneficiará as demais cidades futuramente, que passarão a receber mais vacinas seguindo o Plano Nacional de Imunização. "É uma grande vitória para MS, e todos do Estado ganham com essa conquista".
Cinturão de imunização - Esse repasse tem origem nas 3 milhões de doses doadas pelos EUA ao Brasil, para além do que foi adquirido pela União.
Em meados de junho, o Cosems (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde) de MS pediu que o Estado fosse contemplado com doses suficientes para imunizar toda a população, abrindo possibilidade para um estudo imunológico estadual. Apesar disso, o Ministério da Saúde entendeu que apenas a fronteira deveria ser contemplada, inicialmente, até como forma de proteger o País como um todo.
Nesses municípios, haverá pesquisa comandada pelo médico infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Júlio Croda, que conta com apoio da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), as estadunidenses Stanford University, Yale University, Universidade da Florida, além do Instituto de Salud Global de Barcelona e de outras instituições científicas.
Com a vacinação em massa nessas locais, será avaliado o impacto de imunização de pessoas entre 18 a 50 anos após 14 dias da aplicação da vacina, que precisa apenas de uma dose para garantir imunidade prevista em bula.
Nas redes sociais, Croda destacou o caráter científico desse aumento de doses, sobretudo para avaliar o impacto e efetividade da vacina, inclusive contra a variante gamma (P.1). "Conto com apoio de toda a população e todos os gestores desses 13 municípios de fronteira para realizar esse importante estudo científico", escreveu.
Janssen - As vacinas fabricadas pela farmacêutica belga Janssen com a empresa estadunidense Johnson & Johnson têm aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), já que passaram pelos testes clínicos do órgão.
A taxa de eficácia analisada foi de até 72% nos Estados Unidos, de até 68% no Brasil e de até 64% na África do Sul após aplicação com a dose única. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), essa patente apresenta alta eficácia na prevenção de hospitalização e morte pela covid-19.
Uma dose única da vacina tem eficácia global, que reúne dados de todos os estudos clínicos, de 66,9% contra infecções sintomáticas, de 76,7% contra doença grave e morte após 14 dias e de 85,4% após 28 dias de imunização. Por ora, não há recomendação de ser aplicado em gestantes, por exemplo.
Vale lembrar que é o único imunizante aprovado e que deve ser aplicado em dose única, e utiliza a tecnologia de vetor viral, que é um vírus enfraquecido que transporta os genes virais para dentro das células, estimulando a resposta imunológica. A mesma metodologia é utilizada pela Astrazeneca.
Na metade de junho, a Anvisa prorrogou a validade da vacina, que passa a ser de quatro meses e meio, tal qual a decisão tomada pela autoridade respectiva dos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration).
O contrato do Ministério da Saúde com a Janssen prevê a entrega de 38 milhões de vacinas ao Brasil até o final de 2021. Ainda segundo a pasta, essas vacinas têm de ser armazenadas em temperaturas de 2°C a 8°C, equivalente a geladeiras normais.
De fora - Segundo levantamento feito pelo Campo Grande News, na semana passada, ao menos 19,9 mil pessoas foram vacinadas nesses 13 municípios mas têm registro de residência em outras cidades. Essa "migração vacinal" acontece em todo o MS e em todos os estados brasileiros.
De acordo com a Fiocruz, que constatou que há 11 milhões de aplicações de vacinas em municípios fora da residência dos vacinados no País, essa situação pode acontecer por haver pessoas que moram numa cidade mas trabalham em outra e não conseguem se vacinar no local de moradia porque o posto de vacinação está fechado, por exemplo.
Mas há também "pessoas que buscam municípios do entorno por já estarem adiantados no calendário de vacinação", segundo os pesquisadores, além de pessoas que optam por se vacinar com determinada patente de vacina ao invés de outra que esteja sendo disponibilizada, prática considerada irresponsável, já que não há garantia de quando novas doses virão, nem qual será o calendário.