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Cidades

Farmacêuticos recorrem a grupos no whats para decifrar letra de médico

Em MS, lei manda prescrição ser impressa, mas problema persiste; na sexta-feira, CRF-MS realiza fórum para discutir o assunto

Anahi Zurutuza | 18/09/2019 13:40
Difícil de decifrar, foto de receita foi parar no canal de denúncia do CRF-MS (Fotos: CRF-MS/Divulgação)
Difícil de decifrar, foto de receita foi parar no canal de denúncia do CRF-MS (Fotos: CRF-MS/Divulgação)

Em Mato Grosso do Sul, lei exige que receitas médicas sejam impressas. A regra tem 11 anos, mas ainda não teve efeito 100% prático no Estado e é justamente no papel que farmacêuticos encontram dificuldade. Para não deixar o paciente na mão, alguns profissionais de farmácias recorrem até a grupos de WhatsApp para decifrar as letras dos médicos.

“Durante cinco anos atuei em postos de saúde e a maioria das prescrições é manualmente. Muitas vezes a gente não consegue ler. Se o médico é da mesma unidade, a gente vai atrás, aí até consegue resolver mais rápido”, relata o farmacêutico Amador Alves Bonifácio Neto.

O profissional conta que ele e os colegas criaram um grupo de WhatsApp para recorrerem a uma “junta de farmacêuticos” que ajudam a decifrar a receita. A regra da profissão é não vender ou entregar medicamentos ao paciente em caso de dúvida. “A gente tem de pedir para o paciente voltar ao médico e isso atrasa o início do tratamento”.

Amador Neto hoje atua no HU (Hospital Universitário) e não enfrente mais o problema. “Aqui é tudo informatizado”.

Para tentar entender "garranchos", farmacêuticos da rede municipal de saúde montaram até grupo de WhatsApp
Para tentar entender "garranchos", farmacêuticos da rede municipal de saúde montaram até grupo de WhatsApp
Neste caso, farmacêutico até conseguiu entender o nome de um dos remédios e anotou que estava em falta, mas o resto...
Neste caso, farmacêutico até conseguiu entender o nome de um dos remédios e anotou que estava em falta, mas o resto...

Canal de denúncia - Desde abril, o CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul) tem disponível no site plataforma para receber denúncias sobre prescrições inelegíveis. Farmacêuticos, atendentes de farmácias e pacientes podem encaminhar a reclamação com foto e o anonimato é garantido.

“Periodicamente, a cada 15 ou 30 dias, dependendo da demanda, a gente analisa os casos e encaminha a denúncia para o órgão que fiscaliza a atuação do profissional, CRM (Conselho Regional de Medicina) ou CRO (Conselho Regional de Odontologia), por exemplo”, explica Adam Adami, assessor técnico do CRF-MS.

“A gente também seleciona, aquelas realmente incompreensíveis, garranchos mesmo. Estamos encaminhando a primeira remessa para o CRM com 15 receitas de 13 médicos agora. Tem casos da rede pública e privada. São casos de Campo Grande, Maracaju e Dourados”, completa Adami.

Para fazer a denúncia, basta clicar no link.

Página onde profissionais e população podem denunciar receitas inelegíveis (Foto: Reprodução)
Página onde profissionais e população podem denunciar receitas inelegíveis (Foto: Reprodução)

Combate – Na sexta-feira (20), o conselho promove em Campo Grande 1º Fórum Estadual em Defesa da Prescrição Legível. O evento, marcado para começar às 8h na Câmara Municipal de Campo Grande às 8h, é voltado para os profissionais de saúde e tem o objetivo de conscientizar sobre a necessidade da prescrição legível.

O CRF ressalta que é direito da população, resguardado também pela Lei Federal 5.991/73, ter nas mãos uma receita onde seja possível compreender o nome do medicamento, a dose e o modo de usar.

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