Justiça manda bloquear bens de empresários de MS que financiaram ato em Brasília
Ato que contesta resultado das eleições provocou vandalismo na Esplanada dos Ministérios
Nesta quinta-feira (12), juiz federal Francisco Alexandre Ribeiro, da 8ª Vara Federal de Brasília, determinou bloqueio de R$ 6,5 milhões de bens de 52 pessoas e 7 empresas que financiaram transporte de envolvidos na invasão na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), no último domingo (8).
O total chega a R$ 6,5 milhões e na lista constam dois sul-mato-grossenses, sendo um empresário de Maracaju e uma comerciante de Três Lagoas.
De acordo com a AGU (Advocacia-Geral da União), que fez o pedido, o grupo é responsável por pagar fretamento de ônibus para levar pessoas até a Capital Federal com intuito de inflar atos de vandalismo que culminaram em destruição do patrimônio público nos prédios do STF (Supremo Tribunal Federal), Palácio do Planalto e Congresso Nacional.
Na decisão, o juiz afirmou que, mesmo que suspeitos não tenham participado diretamente, há uma relação “por terem financiado o transporte de milhares de manifestantes que participaram dos eventos ilícitos, fretando dezenas de ônibus interestaduais".
Desta forma, "concorreram para a consecução dos vultosos danos ao patrimônio público, sendo passíveis, portanto, da bastante responsabilização civil".
O magistrado também escreveu que "seria previsível que a reunião de milhares de manifestantes com uma pauta exclusivamente raivosa e hostil ao resultado das eleições presidenciais" pudesse resultar em "práticas concretas de violência e de depredação que todos os brasileiros viram".
No pedido de bloqueio, a AGU informou ainda que pode solicitar valores maiores, na medida em que a contabilidade dos prejuízos aumente.
Segundo o órgão, o valor de R$ 6,5 milhões é inicial com base na estimativa do que foi depredado, mas deve aumentar, já que são estimados R$ 3,5 milhões por prejuízo no Senado e R$ 3 milhões na Câmara dos Deputados. A soma não inclui os danos causados nas dependências do Palácio do Planalto e STF.
Entre os bens que podem ser bloqueados estão imóveis, veículos e quantias em contas correntes. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) auxiliou a União a elaborar a lista de nomes, incluindo apenas aqueles que contrataram os ônibus que acabaram apreendidos por transportar pessoas que participaram dos atos.
Os valores, portanto, não incluem os prejuízos ao Palácio do Planalto e ao STF – que também devem ultrapassar a casa dos milhões de reais.
Do Estado - Dono de franquia de material de construção em Maracaju, Adoilto Fernandes Coronel está entre possíveis financiadores. O Campo Grande News tentou contato com ele, sem sucesso. De Três Lagoas, Solange Zanini também está entre os que teriam arcado com despesas dos bolsonaristas. Ela inclusive esteve em Brasília no último fim de semana.
Na manhã desta quinta-feira a comerciante publicou um vídeo no Facebook dizendo que, ao contrário do que muitos estavam dizendo, ela não está presa. O intuito da gravação, segundo ela, era provar que está em casa.
“Para os amigos e familiares preocupados com todos que foram para Brasília, estamos todos em casa desde terça-feira. Ontem à tarde peguei o telefone, ok? Obrigada a todos pelo carinho e preocupações”, explicou na postagem.
No vídeo, Solange se desculpa pelo “transtorno e preocupação” que causou pelo sumiço e explicou que, como apreenderam celular e aparelhos das pessoas que residem em Três Lagoas e estavam junto dela, foi impossível dar notícias. “Mas eles [policiais] averiguaram e viram que não tinha nada de errado com a gente e nós viemos embora”, disse.
“Fomos numa viagem tranquila e voltamos tranquilos. Fomos passear, conhecemos Brasília, fomos no shopping e comemos, tudo muito ótimo. Passamos por outlet, fomos fazer um tour inclusive para passear, nós não fomos lá fazer baderneira não”, finalizou.