Médico denunciado por atuar sem registro é formado na Argentina, explica CRM
Conselho ainda apura se documentação entregue pelo profissional é verdadeira
Denunciado como “falso médico” atuando no Hospital Beneficente Dona Elmíria Silvério Barbosa, em Sidrolândia, Marcos de Souza Barbosa, de 42 anos, é nascido no Brasil e não boliviano, conforme foi informado à reportagem anteriormente. Ele também teria se formado em Medicina na Argentina e passado pelo Revalida, exame obrigatório para validar diplomas adquiridos no exterior por profissionais que queiram atuar no Brasil.
De acordo com o CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul), Marcos de Souza também já solicitou o registro profissional, mas o processo ainda não foi finalizado. Aliás, o número usado por ele em carimbo para receitar medicamentos a pacientes no hospital é provavelmente o do protocolo feito no CRM-MS, mas não o aval definitivo para praticar a profissão.
O conselho informou que os documentos enviados por Marcos ainda estão sob análise. Para confirmar se o diploma apresentado é verdadeiro, não basta para o CRM o certificado de aprovação no Revalida. “Para que todo o processo de registro junto ao conselho se conclua, é preciso aguardar o prazo de até 45 dias para que a universidade estrangeira confirme ou não que o curso tenha sido concluído”.
O CRM-MS ressalta que sem o registro, o médico fica impedido de trabalhar. “É importante salientar que todo o processo precisa ser concluído para que a atuação médica possa ser realizada dentro da legalidade”.
Marcos de Souza foi flagrado atuando no hospital de Sidrolândia durante fiscalização do CRM na tarde desta terça-feira (2), mas denúncias já haviam sido feitas anteriormente, ao órgão e à reportagem.
Outros profissionais do hospital desconfiaram das condutas do médico, como dosagens de medicamentos receitadas. Uma enfermeira que conversou com o Campo Grande News disse, anonimamente, que o médico não sabia os nomes de itens básicos para atender os pacientes. “Ele erra coisas simples, como nome de medicamentos e dosagens. Começamos a suspeitar e encaminhamos essa situação para a diretoria”.
Por telefone, a assessoria do hospital afirmou que o profissional está em processo de inscrição ao conselho e que apenas auxiliava médicos durante o período de alto fluxo de pacientes. “Enquanto não sai o procedimento dele, ele ficou por aqui, mas não, em nenhum momento ele atuou como médico. Acompanhava os médicos plantonistas, mas não atuava”.