ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, SEGUNDA  23    CAMPO GRANDE 25º

Cidades

"Não conseguia nem ir pra igreja", conta mulher escravizada durante 9 meses

Os ex-patrões a procuram oferecendo comida, casa, roupas e uma bicicleta em troca de serviços domésticos

Lucia Morel | 31/03/2021 18:17
Cíntia Domingo na casa dela, em Minas Gerais. (Foto: Reprodução TV Globo Minas)
Cíntia Domingo na casa dela, em Minas Gerais. (Foto: Reprodução TV Globo Minas)

Cíntia Domingo, de 34 anos, diz que foi mantida pelos últimos nove meses como "escrava" por empresários de Campo Grande que já haviam sido patrões da mãe dela. Conforme relato à reportagem de Minas Gerais, onde mora, os ex-patrões da mãe a procuram oferecendo comida, casa, roupas e uma bicicleta em troca de serviços domésticos.

Ela foi resgatada no último dia 23 de março depois de conseguir fugir e buscar ajuda em uma igreja aqui na Capital. O caso está sendo investigado pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) de Campo Grande que já levou o caso à Justiça Federal e à Justiça do Trabalho.

Na segunda-feira, 29, ela chegou em casa, na cidade de Mateus Lemes (MG). Ela contou à imprensa de lá que trabalhava 24 horas por dia, “de manhã, à tarde e à noite” e que quando ia à igreja era seguida pela mulher de 70 anos que a mantinha em regime de escravidão.

“Passava, lavava, fazia uns trem lá, limpava a casa inteira e ela não me deu nenhum centavo”, contou a vítima. “A hora que eu saía e falava que ia pra igreja, ela me seguia. Ela pegava o carro e me seguia. Ela mandava eu entrar pra dentro do carro e trazia pra casa dela de volta”, relatou.

A mãe dela, Valdete Domingos já havia trabalhado para a mesma senhora e o filho dela em Campo Grande, anos atrás, mas não imaginava que quando a filha desapareceu, ela estaria justamente com eles, em situação tão precária. “Ela tem que pagar os erros que ela fez”, comentou sobre a ex-patroa. Valdete disse também que não teve carteira assinada, mas que recebia salário.

Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, mãe e filho que mantinham Cíntia em situação análoga à escravidão já foram identificados, mas ainda não localizados. O ramo de atividade dos dois também não foi divulgado.

Nos siga no Google Notícias