Nascida Kelly Samara, golpista de luxo de MS morreu como Beatriz em SC
Segundo relatos do companheiro de Kelly à polícia, a mulher era agressiva e se alterava constantemente
Foragida da Justiça de Mato Grosso do Sul desde 2012, a golpista sul-mato-grossense Kelly Samara Carvalho dos Santos, que morreu aos 33 anos ao cair do 4ª andar de um edifício na madrugada de sexta-feira (18), havia adotado o nome falso de Beatriz Paramelim e morava há pouco mais de 1 mês com o namorado de 52 anos, em Laguna (SC).
Conforme o delegado William Testoni Batisti, da Polícia Civil de Laguna, o homem disse que conheceu Kelly por aplicativo de relacionamento há 3 meses e há pouco mais de 1 mês, os dois viviam juntos no condomínio onde ocorreu o acidente. Antes disso, a golpista residia em Florianópolis. Para o companheiro, Kelly era Beatriz Paramelim.
No dia em que ocorreu o acidente, o companheiro relatou que Kelly havia saído às 8h para fazer procedimento estético. O casal retornou para a casa por volta das 3h. A mulher tinha ingerido medicação controlada, uma delas para dormir. Ele relatou ainda que pretendia terminar o relacionamento com a golpista e já tinha entrado em contato com a família dela para levá-la à casa do pai, em Curitiba. “Segundo ele, ela era agressiva e se alterava constantemente”, contou o delegado.
Conforme relatos do companheiro, ela não queria ir embora e no dia do fato, os dois passaram a conversar sobre o assunto. De acordo com a versão do homem, Kelly chegou a ir próximo à sacada do apartamento e dizer que ia se lançar. Em uma das vezes, ele contou que a segurou e trouxe de volta para dentro do apartamento, mas a mulher estava muito alterada e, por isso, retornou à sacada e se sentou sobre o mural.
Kelly, então, começou a se balançar, indo e voltando até que caiu. “Ainda não se sabe se ela se soltou ou não teve força para segurar”, segundo o delegado. Foi instaurado inquérito para apurar o caso. “A princípio, tudo indica que foi suicídio ou acidente. Essas informações vieram por parte da pessoa que estava com ela no apartamento. Agora, iremos dar continuidade às investigações para verificar todas essas situações, mas pode ser que no desenrolar do caso, haja outra suspeita”, explicou William.
Vida pregressa - Considerada inteligente e incorrigível pelos promotores paulistas, ela aplicava golpes contra a alta sociedade de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro com tramas mirabolantes, como se passar pela filha do ex-presidente paraguaio, Fernando Lugo ou utilizar o sobrenome da Tranchesi, que pertence a dona da loja de luxo Daslu.
A jovem, natural de Amambai, começou os trabalhos no crime inventando personagens para aplicar golpes ainda com 13 anos de idade. Somente no TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), ela respondia a processos de furto e estelionato.
Kelly foi acusada de furtar um quadro do artista Joan Miró, avaliado em R$ 37 mil, de uma galeria de arte, fazer compras em São Paulo com cheques roubados e aplicar golpes contra uma idosa. Em Dourados, o último B.O. registrado contra Kelly foi em 2010 por furto.