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Cidades

Perguntas repetidas, dizem depoente e advogado sobre mutirão da Vostok

"A mesma coisa de antes", afirma o advogado Carlos Marques sobre questionamentos da Polícia Federal.

Anahi Zurutuza e Aline dos Santos | 04/09/2019 10:55
Nelson Cintra, produtor rural, ex-prefeito de Porto Murtinho e investigado na Vostok, em entrevista na porta da PF (Foto: Henrique Kawaminami)
Nelson Cintra, produtor rural, ex-prefeito de Porto Murtinho e investigado na Vostok, em entrevista na porta da PF (Foto: Henrique Kawaminami)

Na porta da Polícia Federal, os comentários sobre o conteúdo dos depoimentos coletados em mutirão para ouvir testemunhas e alvos da Operação Vostok são parecidos. As perguntas feitas pelos agentes da investigação são repetidas, segundo os depoentes.

O produtor rural e ex-prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, é um dos que foi ouvido na manhã desta quarta-feira (4). Ao chegar a superintendência da PF em Campo Grande, ele lembrou que já é a terceira vez que é chamado. “Prestei dois depoimentos em dois anos e fui convidado de novo. Fiquei surpreso, mas compareci”.

Cintra, que há 1 e meio não ocupa nenhum cargo político, disse que nas duas vezes anteriores foi questionado sobre seus negócios com a JBS e voltou a afirmar que todas as transações são legais e comprovadas em documentação entregue à Receita Federal. Ele estava acompanhado do advogado Arnaldo Medeiros.

Por volta das 10h, também passou pela entrada principal da PF, o advogado Carlos Marques, que mais cedo chegou dirigindo carro para levar o cliente, deputado estadual Zé Teixeira (DEM), para depor. Marques disse que o parlamentar respondeu às perguntas por cerca de uma hora. “Mais uma vez foi sobre venda de gado para a JBS, a mesma coisa de antes”.

O defensor explicou ainda que o inquérito após o mutirão, a Polícia Federal deve enviar o inquérito do MPF (Ministério Público Federal) e se crimes forem evidenciados, a Judiciário abre uma ação penal.

O Campo Grande News apurou que outro alvo da operação, Marcio Monteiro (PSDB), hoje conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado), prestou depoimento ontem (3). Já o pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, também investigado na Vostok e delator na Lama Asfáltica, está na sede da PF nesta manhã.

Movimentação na garagem da PF em Campo Grande; no 2º dia de mutirão, espaço foi liberado para depoentes entrarem de carro, de certa forma, "blindados" contra a imprensa (Foto: Henrique Kawaminami)
Movimentação na garagem da PF em Campo Grande; no 2º dia de mutirão, espaço foi liberado para depoentes entrarem de carro, de certa forma, "blindados" contra a imprensa (Foto: Henrique Kawaminami)

O mutirão – A Polícia Federal começou ontem a força-tarefa para acelerar as oitivas da Vostok. Ao todo, 110 pessoas serão ouvidas em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo e Ceará.

A maior parte dos depoimentos, cerca de 80, seriam coletados nessa terça-feira. Os chamados ontem seriam testemunhas e hoje, os investigados.

No 2ª dia do mutirão, a movimentação é diferente na PF em Campo Grande. Ontem, o vai e vem na porta principal da superintendência era intenso, mas hoje (4), a garagem do prédio foi liberada para que depoentes entrassem de carro, de certa forma, “blindados” contra a imprensa.

A operação - No dia 12 de setembro do ano passado, a investigação sobre propinas pagas pelo grupo JBS para políticos em troca de incentivos fiscais do governo de Mato Grosso do Sul deu largada à Vostok. O inquérito teve como ponto de partida a planilha entregue na delação à Operação Lava Jato, onde Wesley e Joesley Batista.

Conforme a apuração, uma das formas de lavar o dinheiro, era por meio das vendas dos chamados “bois de papel”, que existiam apenas em notas fiscais frias. Por isso, os alvos e testemunhas são pessoas ligadas ao agronegócio. O esquema perdurou por ao menos três governos.

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