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Cidades

Preso do RJ elaborou plano para furto, mas apartamento de Reinaldo não era alvo

Empresário que mora em cobertura atrás no Shopping Campo Grande era alvo real

Por Anahi Zurutuza | 10/07/2024 16:25
Edifício nos fundos do Shopping Campo Grande escolhido para furto que não deu certo (Foto: Google Street View/Reprodução)
Edifício nos fundos do Shopping Campo Grande escolhido para furto que não deu certo (Foto: Google Street View/Reprodução)

O plano para invadir e furtar apartamento de luxo em Campo Grande (MS) saiu de presídio e a casa do ex-governador Reinaldo Azambuja não era o alvo. As informações foram dadas por Davi Morais Saldana, de 24 anos, em depoimento no dia 17 de junho coletato pelo delegado titular da Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), Guilherme Scucuglia.

Conforme documento ao qual o Campo Grande News teve acesso, Davi começou contando que, mesmo sem advogado, gostaria de colaborar com as investigações. Afirmou que já foi preso e é investigado por furtos semelhantes, que está em liberdade desde agosto do ano passado, mas por ser ex-presidiário não conseguiu emprego.

O ladrão confesso afirmou ainda que dias antes de vir à Capital foi contatado pelo mentor do plano, um homem, cujo apelido é Bully ou Juan, especialista em invasão a condomínios luxuosos e está preso no Rio de Janeiro. Justificou que pode estar passando por dificuldades financeiras, resolveu aceitar participar da nova empreitada criminosa.

Ainda conforme o depoimento, Bully passa os dias na prisão em busca de alvos do lado de fora. Ele usa sistema onde pelo CPF, consegue descobrir endereços, movimentação bancária, valores pagos em impostos, empresas vinculadas àquela pessoa. Foi o detento que planejou entrar numa cobertura atrás do Shopping Campo Grande que pertence a dono de “mais de 30 empresas”, segundo o interrogado.

Davi ficou então encarregado de tomar as providências “extramuros” e chamou Ítalo Alexandre Franca Silvestre, 22, para participar da invasão e outro homem, que só identificou como “Bigode”. Os dois toparam de primeira.

O depoente revelou que  Ítalo alugou um carro para a viagem de São Paulo (SP) a Campo Grande e o terceiro comparsa se comprometeu a dirigir. No sábado, dia 8 de junho, já na Capital, o trio foi até o endereço indicado pelo mentor, mas não contava com um detalhe: o acesso pela portaria é feito por reconhecimento facial.

Sabendo que seria muito difícil entrar no prédio, desistiram e para não perder a viagem, passaram a sondar outros edifícios na Capital.

O rapaz afirma que o condomínio no Jardim dos Estados foi escolhido por ter apenas uma sacada por andar – o que indicava que se tratava de prédio com um apartamento por pavimento – e por “falhas” detectadas na segurança.

E o trio deu “sorte”. Davi conta que costuma estar bem vestido para tais ações. Ele entrou no edifício sem que ninguém perguntasse quem ele era, foi direto para a escada de incêndio, subiu até o último andar e foi descendo até chegar a unidade 1.800, onde Reinaldo mora com a família.

Percebeu que o apartamento estava vazio e arrombou a porta de serviço. Ele nega que soubesse que se tratava da residência de um ex-governador. Já lá dentro, avisou Ítalo, que também passou pela portaria sem impedimentos. Vinte minutos depois, os dois deixaram o residencial pelo portão da frente, com uma mala cheia de joias e dinheiro.

O preso que planejou o assalto foi quem indicou os receptadores em São Paulo, segundo o interrogado. Dois homens já foram identificados pela Garras como os responsáveis por comprar os objetos furtados de Reinaldo e Fátima Azambuja.

Davi Morais Saldana (no celular) e Ítalo Alexandre Silvestre (com a mala) deixando o condomínio onde mora o ex-governador, no dia 8 de junho (Foto: Inquérito policial/Reprodução)
Davi Morais Saldana (no celular) e Ítalo Alexandre Silvestre (com a mala) deixando o condomínio onde mora o ex-governador, no dia 8 de junho (Foto: Inquérito policial/Reprodução)

O furto – De acordo com a investigação da Garras, o apartamento do ex-governador foi invadido no dia 8 de junho, mas o furto só foi descoberto no dia seguinte, quando Reinaldo Azambuja voltou de viagem a Maracaju, cidade que comemorou 100 anos naquele fim de semana.

Além de Davi Saldana e Ítalo Silvestre, que confessam o crime, Antônio Matheus de Souza Silva, de 23 anos, foi preso em São Paulo no dia 10 de junho, menos de 48 horas após a invasão. Ele estava com a dupla e é suspeito de estar envolvido no processo de venda das joias, segundo a investigação. Mas tanto Davi quando Ítalo isentam a participação dele.

Conforme relatório policial, ao qual o Campo Grande News teve acesso, o trio estava no carro alugado por Ítalo para a empreitada criminosa na Capital sul-mato-grossense. No veículo, havia sacola contendo R$ 67 mil em espécie, relógios, colar e pulseira, objetos que Reinaldo e a ex-primeira-dama, Fátima Azambuja, reconheceram.

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