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Cidades

Resende vê "despreocupação com vida" e cobra medidas mais duras na Capital

Secretário diz que só o isolamento social vai conseguir dar freio à evolução da covid-19 em Campo Grande

Marta Ferreira | 27/07/2020 13:27
O secretário Geraldo Resende durante visita recente à Santa Casa de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
O secretário Geraldo Resende durante visita recente à Santa Casa de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

O secretário de Saúde de Mato Grosso do Sul, Geraldo Resende, não usou a palavra lockdown, mas defendeu “medidas mais duras” em Campo Grande como única forma de conter o avanço da covid-19. A Capital é hoje o epicentro da doença no Estado, com 104 mortes até esta segunda-feira (27).

A despeito do fechamento do comércio em sua maioria determinado no fim de semana, assinalou o secretário, houve pouca redução na quantidade de pessoas na rua, considerado o número meio eficaz no momento de reduzir o contágio e, assim, impedir o estrangulamento geral da rede de atenção em saúde.

Em resposta ao questionamento da reportagem se o lockdown é a única saída, Resende não se utilizou do termo, mas disse que já existe um protocolo sobre isso, o “Prosseguir”, iniciativa com orientação aos municípios a partir da situação da pandemia.

No programa, o estágio é decidido em cores e de acordo com elas, são recomendadas as ações do poder público.  Campo Grande está em bandeira preta, de risco extremo, e a orientação é de fechamento de quase tudo, mantendo apenas serviços essenciais. No material, está escrito lockdown.

Duas semanas atrás, a prefeitura apertou as medidas, determinando fechamento dos setores de comércio e serviço durante a semana e manutenção só do essencial no fim de semana, mas o efeito prático foi pequeno. O índice de isolamento cresceu pouco mais de um ponto percentual e ficou bem abaixo do ideal definido pela OMS (Organização Mundial de Saúde), de pelo menos 60% das pessoas recolhidas em seus domicílios.

 “Parece haver uma despreocupação com a vida” de parte da população, que age como se a vida estivesse “normal”, avalia o secretário. Mas também é, na visão dele, culpa de “medidas frouxas”.

O titular da pasta estadual da Saúde tem adotado tom crítico sobre as restrições adotadas em Campo Grande há alguns dias. Hoje, na entrevista, disse ser necessária no enfrentamento à pandemia a atuação em duas pontas essenciais: atenção em saúde e ampliação do isolamento social, essa última a única forma considerada eficaz de evitar o contágio pelo novo coronavírus.

Resende citou que em relação à atenção em saúde, está sendo feito o possível,  com ampliação de leitos de terapia intensiva, para atender os casos mais graves. “Hoje, entregamos 10 leitos no HU [Hospital Universitário), mas não basta isso).

Segundo ele, diminuir a quantidade de pessoas circulando é essencial não apenas para que o contágio pela covid-19 tenha retração, mas também para livrar leitos de internação por trauma, por exemplo.

Ao contrário disso, lembrou Resende, os acidentes de trânsito seguem com aumento e, com isso, a lotação de hospitais também. A Santa Casa anunciou estar com lotação de cem por cento e resgatou a figura do “ambu”, respirador manual, que já não  era utilizado.

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