Secretário de saúde diz que haverá "reação" contra adiamento de geolocalização
Sites nacionais repercutiram pedido de suspensão do serviço pelo presidente Jair Bolsonaro
O secretário estadual de saúde, Geraldo Resende, acredita que tanto secretários municipais e estaduais de saúde, através de suas entidades específicas, vão reagir à decisão do governo federal em adiar a aplicação da geolocalização via celular para monitorar o isolamento social.
Sites nacionais repercutiram publicação do ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, que informou sobre a suspensão do serviço, que estava programado para começar na quarta-feira.
“A gente já ocupa uma posição que nos envergonha. Somos os últimos em isolamento no Brasil, e essa ferramenta é importantíssima no combate à expansão do vírus”, comentou Resende.
Para ele, “vai haver reação dos secretários muncipais e dos estaduais de todo Brasil”, avalia. As entidades que representam tais setores são o Conasems (Conselho Nacional de Secretários Nacionais de Saúde) e o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde).
Resende ainda se posicionou descontente como que chama de “dubiedade” entre as ações do Ministério da Saúde e do governo federal, na pessoa do presidente Jair Bolsonaro, que foi quem demoveu de Pontes o poder para efetivar a geolocalização de dados.
“É o Ministério da Saúde que preconiza esse caminho do isolamento, foi ele que nos ajudou a apontar esse caminho e o próprio governo tem se posicionado contra o isolamento. Essa dubiedade prejudica o combate à pandemia”, lamentou.
GEOLOCALIZAÇÃO - No dia 27 de março, Marcos Pontes anunciou uma parceria com operadoras para utilizar os dados de geolocalização de aparelhos celulares para monitorar o fluxo de pessoas durante a epidemia.
O acordo previa a utilização de dados da Algar, Oi, Claro, Vivo e Tim. Na ocasião, a informação era de que os dados seriam repassados ao governo de forma anônima, gerando mapas de calor e sem identificar os donos dos aparelhos.
Pontes relatou que recebeu uma ligação de Bolsonaro pedindo que a "ferramenta só fosse usada após análises extras pelo governo". "Atualmente, a ferramenta ainda está sob análise do Governo Federal quanto à aplicabilidade, garantia de privacidade e modo de operação", disse.
O ministro ainda informou que o governo federal não tem participação nos acordos firmados por governos estaduais com as operadoras. "Quanto aos estados, eles têm autonomia e podem ter acordos diretos com as operadoras. O governo federal não tem controle ou participação nesses acordos".