Sem consenso no governo, secretário ainda quer passaporte de vacina
Governador e presidente do Prosseguir declararam que medida não deveria ser tomada em MS
O secretário estadual de Saúde Geraldo Resende é uma das poucas vozes na gestão de Mato Grosso do Sul que defende a criação de um “passaporte da vacina” em território sul-mato-grossense. Aplicada em outros estados brasileiros, a proposta visa impedir quem recusa a vacina de frequentar espaços públicos ou coletivos.
Ainda que o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) tenha afirmado que isso não deverá entrar em vigência no Estado, o titular da SES (Secretaria Estadual de Saúde) ainda acredita na necessidade de um projeto desse tipo. “Tenho indicado que é preciso a gente avançar, existem várias estratégias”.
Anteriormente, o secretário estadual de Infraestrutura e presidente do comitê gestor do Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança da Economia), Eduardo Riedel, que define as principais medidas em conjunto que são tomadas, já havia descartado essa possibilidade, sob alegação de que o setor privado seria capaz de regular tais exigências.
Em evento nesta manhã, Resende respondeu questionamentos do Campo Grande News sobre o assunto e disse que isso é praticamente unânime dentro da SES. No entanto, não há consenso entre outras figuras do alto escalão. “Tenho essa clareza, minha equipe tem essa clareza, mas não há ainda uma unidade dentro do governo. Espero que o governo continue fazendo essa discussão”, diz.
“Vejo alguns municípios avançando, alguns estados. Gostaria que não esperássemos a judicialização desse processo. Acredito que haverá de ter mais um instrumento. Aqueles que resistem, quando não tiverem possibilidade de frequentar espaços públicos, eventos culturais, artísticos, espaços privados e públicos, vão colocar a vacina em ordem.”
O secretário explica que seu posicionamento se baseia na noção de que o direito individual não pode sobrepor o coletivo. Para ele, quem não se vacina deve “redescobrir” sua consciência, para que haja imunidade coletiva. Entretanto, ele entende que para que essa proposta saia do papel, é preciso uma série de discussões internas.
“É preciso ter consenso dentro do governo. Enquanto isso não acontecer, precisamos de construir parcerias para que a gente enfrente essas situações”, diz se referindo a aplicação de primeira, segunda e terceira dose de imunizantes. “Precisamos de busca ativa, de quem não conseguiu a segunda dose, sensibilizar quem não fez a primeira dose, quem reluta em não tomar a vacina”, completa.
Pandemia - Resende explica que o bom desempenho na vacinação faz com que Mato Grosso do Sul esteja em condições razoáveis no controle da pandemia de covid-19. “Fomos muito eficientes, no Mato Grosso do Sul, há um declínio acentuado”. Dados da pasta indicam que a redução tem sido expressiva e as médias de infecções e óbitos são as menores desde o ano passado.
Mostra que a vacina foi eficaz. O elemento mais importante do enfrentamento da covid-19 no Mato Grosso do Sul. Fruto da unidade com prefeitos, prefeitas, secretários e secretárias, que não deve ser quebrada de forma nenhuma.”
Ainda que seja impossível prever, ele comenta que nesta semana, o Estado deverá ter quase a totalidade da população adulta com ao menos uma dose. Atualmente, cerca de 58,4% de todos os habitantes sul-mato-grossenses já se encontram imunizados.
Além disso, novas estratégias têm sido tomadas para ampliar essa cobertura, tais como parcerias com secretarias municipais de Educação, para levar vacinas a adolescentes que ainda não tomaram nenhuma dose.