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Cidades

Aviões saíam de MS para buscar na Bolívia cocaína com destino à Europa

Nesta manhã, quatro pessoas foram presas em Mato Grosso do Sul. Aeronaves também foram apreendidas

Geisy Garnes | 29/11/2018 12:52
Um dos aviões apreendidos durante a operação nesta manhã (Foto: Divulgação)
Um dos aviões apreendidos durante a operação nesta manhã (Foto: Divulgação)

A operação de combate ao tráfico internacional de drogas e à lavagem de dinheiro em cinco estados, deflagrada pela Polícia Federal e Receita Federal na manhã desta quinta-feira (29), revelou um esquema de envio de cargas de cocaína para a Europa a partir de Mato Grosso do Sul. Quatro pessoas foram presas durante as ações.

A ação, batizada de Planum, é resultado de um anos e meio de investigações para desarticular uma quadrilha responsável pelo transporte de cocaína da Bolívia para Rio Grande do Sul e de lá para cidades de Europa.

Segundo o delegado Roger Soares Cardoso, da Superintendência Regional no Rio Grande do Sul e responsável pela operação, aviões agrícolas saiam de Mato Grosso do Sul com destino a Bolívia. Lá eram carregados de cocaína, que eram levadas até pistas de pouso no noroeste do Rio Grande do Sul.

“Essas máquinas agrícolas voam baixo e conseguem disfarçar os radares. Cada uma carrega cerca de 450 quilos de cocaína”, contou Cardoso. Em carros e caminhões, a carga era transportada até depósitos localizados próximos a portos do sul do país. Em container a cocaína era enviada pelo mar para a Europa.

Em um dos casos, os policiais descobriram uma carga de cocaína escondida dentro de uma pedra de granito. Durantes as investigações, duas cargas, de 811 e 460 quilos, que seriam enviadas à Europa, foram interceptados pela Polícia Federal.

Em Mato Grosso do Sul, quatro pessoas foram presas e aeronaves usadas no esquema apreendidas. A justiça ainda decretou mandados de sequestro para oito aeronaves no Estado. Não foram divulgados quantos aviões foram apreendidos.

Lavagem de dinheiro - As investigações ainda revelaram um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de fronteira. De acordo com o delegado, a organização criminosa funcionava como “banco clandestino”.

“Era uma verdadeira instituição financeira a serviço do crime. Um banco que funcionava com dinheiro ilícito a serviço de várias organizações criminosas. Eram criadas pessoas jurídicas falsas, e diversas contas bancárias em instituições financeiras. O dinheiro circulavam nessas contas propiciando não somente a lavagem de dinheiro, como também a evasão de divisa”, explicou o delegado.

O esquema conhecido como dólar-cabo funcionava da seguinte maneira: uma remessa de valores é feita mediante uma ordem de pagamento para uma conta no exterior, sempre para um doleiro que efetiva o pagamento para quem tem que receber. A pessoa que precisava pagar então deposita o valor em uma das conta daqui. “Assim faziam o dinheiro circular como se fossem um banco”.

Segundo cardoso, muitos dos “clientes” que procuravam essa instituição financeira fraudulenta queriam realizar evasão de divisa. Os policiais identificaram em aproximadamente três anos uma movimentação de R$ 1,4 bilhão nas contas.

Foram expedido 20 mandados prisão preventiva, dois temporários, 40 mandados de busca e apreensão. Ainda foram decretados o sequestro de 15 imóveis, 81 veículos, as oito aeronaves no Mato Grosso do Sul e foram bloqueadas contas de 121 pessoas jurídicas e 57 pessoas físicas.

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