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Cidades

Bebê de 1 ano 'só dorme' e família denuncia possível erro médico

Amanda Bogo | 04/08/2016 17:51
Família esteve na tarde desta quarta-feira (4) com o presidente da associação no MPE (Foto: Amanda Bogo)
Família esteve na tarde desta quarta-feira (4) com o presidente da associação no MPE (Foto: Amanda Bogo)

A Associação de Vítimas de Erros Médicos de Mato Grosso do Sul entrou com pedido no MPE (Ministério Público Estadual) para que seja investigado se houve negligência ou falha médica durante o parto de uma criança, hoje com um ano, em Dois Irmãos do Buriti, a 83 km de Campo Grande. Segundo a família, atualmente o bebê vive em estado vegetativo.

Claudete de Souza, 25, mãe de Nícolas, procurou a associação para relatar o suposto erro. Segundo ela, três dias após o nascimento da criança, ela precisou ser levada às pressas para o hospital.

“Ele passava mal e não tinha forças para mamar, estava debilitado. O médico disse que não era nada e mandou ir para casa. Depois levei de novo e disseram que não tinha nada errado. Na terceira vez falaram que ele estava com infecção neo natal grave e tivemos que trazer para Campo Grande”, conta a mãe. 

Nícolas foi levado de Dois Irmãos para a Santa Casa da Capital. Ele ficou seis meses no hospital em Campo Grande, sendo 20 dias no CTI (Centro de Tratamento Intensivo). Quando recebeu alta, ficou apenas dois dias em casa e teve de retornar.

De acordo com a mãe, o menino dorme o dia todo, convulsiona frequentemente, se alimenta por sonda, toma nove remédios por dia e ficou em estado vegetativo. Ela afirma que a justificativa dada pelo médico é de que o garoto sofre de uma doença rara.

“Falaram que ele tem uma doença rara, que tem excesso de proteína no organismo e por isso tem as convulsões. Ele só fica assim, dormindo. Às vezes abre o olho, mas não faz mais nada”.

A família acredita que houve erro durante o parto da criança, já que em Campo Grande foi feita uma aspiração no pulmão do menino, de onde foi retirado líquido amniótico, que eles acreditam ser o responsável pelas sequelas. “A doença que disseram que ele tem não condiz com os sintomas. Disseram que ele não desenvolveria o crânio porque a massa cefálica diminiuiria, mas esta crescendo normalmente. Tenho dúvidas sobre o que realmente aconteceu para ele estar assim”.

O pai, José Aparecido da Silva, 45, está desempregado. Precisou deixar o trabalho para, junto com um auxiliar de enfermagem, cuidar do menino. “Eu trabalhava, mas tive que parar. Minha esposa, depois de dois meses, foi mandada embora, agora trabalha porque é funcionária pública. Nós queremos que eles paguem por isso que aconteceu ao meu filho”.

Valdemar mostra documentos incompletos (Foto: Amanda Bogo)
Valdemar mostra documentos incompletos (Foto: Amanda Bogo)

O presidente da associação, Valdemar de Souza Moraes, acompanhou a família na tarde desta quinta-feira (4) para apresentar a denúncia ao MPE. “Em nove anos acompanhando casos de erros posso dizer que não tenho dúvida de que essa criança ingeriu líquido amniótico, por isso ficou com sequela. Não tem antecedentes na família e ela teve uma gestação tranquila e saudável”.

Conforme Valdemar, além da denúncia, a família vai entrar com uma ação civil pública de violência obstetra contra mãe e criança, e a associação entrará com uma ação de danos morais e materiais.

Os gastos são custeados pelo Estado e pelo município de Dois Irmãos do Buriti. A família alega que os remédios, que seriam responsabilidade da prefeitura, acabam sendo pagos por eles, já que não tem disponível. "O prefeito disse que isso não é problema dele, é da prefeitura, e com as eleições o próximo prefeito vai responder por isso. Tiveram total descaso com eles", explicou Valter.

Problemas com o hospital - De acordo com Claudette, os problemas com o hospital de Dois Irmãos do Buriti começaram na gestação. "Meu filho nasceu com 40 semanas e 5 dias. O médico não quis tirar antes, disse que era normal aguardar até 42 semanas", contou. 

Quando os problemas de saúde de Nícolas começaram, a mãe alega que os médicos não prestaram o atendimento necessário. "Diziam que ele não tinha nada, que era normal ele não acordar e era para voltar para casa". 

Valdemar afirma que os prontuários médicos do nascimento da criança estão incompletos. "Não estão preenchidos ou os registros foram apagados. E era importante esses registros para saber se foi feita aspiração no hospital ou não, porque a mãe não sabe se eles tentaram retirar o líquido lá".  O presidente disse ainda que a Santa Casa de Campo Grande se negou a entregar o livro dos procedimentos realizados no menino, onde estaria registrado a aspiração feita. 

A equipe do Campo Grande News tentou contatar o prefeito de Dois Irmãos do Buriti, porém não conseguiu ser atendida. A secretaria de saúde afirmou que dará um retorno na sexta-feira (5) pela manhã com os laudos médicos de Nícolas.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Santa Casa de Campo Grande disse ter encontrado o prontuário do paciente e no registro não constava nenhum pedido, e que não negar acesso a qualquer familiar de paciente que esteja internado, exceto quando a solicitação é feita por parentes que não sejam de 1º grau, o que está previso em lei.

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