Caos político atrapalhou até na nota de matemática das escolas municipais
Considerada “bicho papão” por muitos estudantes, a matemática ainda se mostra algo delicado quando analisados os números do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), conforme o levantamento, comparando os anos de 2013 e 2015 houve redução na nota desta disciplina dos alunos das escolas municipais de Campo Grande, das chamadas séries iniciais (1º ao 5º)
A nota ficou, inclusive, abaixo do considerado ideal. Em língua portuguesa houve avanço.
Os números do Ideb foram divulgados na quinta-feira (08), pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). A Semed (Secretaria Municipal de Educação) ressalta os aspectos positivos e atribui os resultados negativos ao momento conturbado pelo qual passou o município no campo político-administrativo.
A nota ideal de matemática para o 5º ano é 225, as escolas de Campo Grande obtiveram 213,71 em 2015, no ano de 2013 os alunos obtiveram 215,41. Em Língua portuguesa, as Escolas Municipais obtiveram 201,25 no ano de 2013 e avançaram para 206,90 no ano passado. A nota ideal em Língua Portuguesa para o 5º é 200. O Ideb é realizado a cada dois anos.
Para o superintendente de Políticas Educacionais da Semed (Secretaria Municipal de Educação), Ricardo Leite, especificamente com relação ao desempenho dos alunos em matemática, há preocupação em buscar melhorias. “As próprias avaliações internas já nos mostraram a necessidade de melhorar a matemática, incentivando não apenas o cumprimento do conteúdo mas trabalhando a questão do raciocínio dos alunos, para que estejam aptos a resolver problemas”, reconheceu.
Cenário - Ele acredita que vários fatores contribuíram para o resultado obtido, entre eles o cenário político da atual gestão. “Foram anos muito conturbados, que todos acompanharam. Em dois anos tivemos cinco secretários de educação. Fica muito difícil estabelecermos uma política educacional do jeito que estava, sem contar a greve de quase 90 dias”, justificou.
Para tentar elevar os índices nos próximos levantamentos, o município, segundo ele, tem investido em cursos de capacitação continuada para professores, incorporando tecnologia da informação e comunicação no trabalho com os alunos, além de projetos de robótica e gameficação para incentivar o raciocínio nas séries iniciais, a princípio. “Temos de trabalhar a parte lúdica porque existe a questão cultural, das crianças não gostarem de matemática, existe uma certa resistência, por isso essas alternativas são importantes”.
Com os trabalhos que já estão ocorrendo em parceria com universidades, o superintendente pretende elevar os resultados do Ideb. “Acredito que essas turmas das séries iniciais nos darão bons resultados no Ideb daqui a quatro anos”, disse.
Na leitura do especialista em educação da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Antônio Carlos do Nascimento Osório, o cenário não é tão otimista quanto vislumbra o superintendente. “Existe grande possibilidade de essa turma não estar tão bem e termos um resultado ainda pior, daqui a quatro anos, se não houver uma intervenção efetiva, pois falta estrutura de recursos para trabalhar a matemática”, disse.
Ele acredita que o momento histórico em que se vive hoje realmente interfere no ensino e consequentemente no desempenho dos alunos. “A matemática é muito abstrata para o aluno, ele não tem relação com a matemática. Por outro existem outros fatores, que envolve os métodos usados pelos professores e a questão de que em forma geral os alunos não sabem porque vão para escola, a escola se transformou em espaço de violência e o professor precisa dar conta disso”.