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Capital

“Castigo” por causa de greve revolta mulheres de presos em dia de visitas

Bruno Chaves | 16/02/2014 10:23
Neste domingo, visitantes entraram no presídio sem qualquer tipo de pertence (Foto: Cleber Gellio)
Neste domingo, visitantes entraram no presídio sem qualquer tipo de pertence (Foto: Cleber Gellio)

Centenas de mulheres foram pegas de surpresa neste fim de semana ao irem visitar detentos do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande. Ao chegarem à unidade, elas descobriram que não poderiam entrar com comida, material de higiene ou qualquer outro produto. O “castigo” seria uma forma de punir os presos pela sujeira dentro do complexo, já que eles decidiram fazer greve por melhores condições e não retiraram lixo do local desde a semana passada.

Em mural exposto na entrada de visitantes, o recado é claro: “Considerando a paralisação por parte dos internos deste estabelecimento penal, os quais realizam a limpeza do prédio, informamos a todos que nos dias 15 e 16.2.14 somente está autorizada a entrada de visitantes sem pertences, objetivando evitar mais acúmulo de sujeira”.

O fato não agradou quem costuma visitar esposo, irmão ou filho. “E o mais difícil é que a assistente social não avisou as famílias que isso ia acontecer. Todo mundo aqui trouxe marmita com comida, fumo, cigarro e material de higiene. Agora a gente paga um guarda volume para guardar, joga fora ou dá para alguém”, diz Claudineia Bento da Silva, 24 anos, que foi visitar o esposo.

A visita neste domingo (16) ocorre das 9h às 15h30. Edilene Muniz de Freitas, 38, que foi visitar o esposo, está grávida de seis meses e afirma que terá que ficar todo o tempo da visita sem poder se alimentar. “Até a lanchonete que tem lá dentro o presídio fechou hoje. Os presos vão comer a comida normal, mas a gente vai ficar o dia inteiro, até o final da visita, sem comer nada”, reclama.

Aviso de proibição de entrada com pertences como comida, cigarro ou outros pegou visitantes de surpresa (Foto: Cleber Gellio)
Aviso de proibição de entrada com pertences como comida, cigarro ou outros pegou visitantes de surpresa (Foto: Cleber Gellio)
Visitantes de policiais detidos puderam entrar com pertences e foram hostilizados pelas mulheres dos presos (Foto: Cleber Gellio)
Visitantes de policiais detidos puderam entrar com pertences e foram hostilizados pelas mulheres dos presos (Foto: Cleber Gellio)

As mulheres explicam que a proibição de entrada de pertences, justificada pelo não acumulo de mais lixo, é uma forma de punição pelas reivindicações pedidas peles presos nos últimos dias. Em uma espécie de greve, os detentos resolveram não sair das celas e não retirar os lixos do prédio, entre outras paralisações.

“Eles pedem melhores condições, mais respeito, atendimento de médicos e várias coisas”, fala Claudineia. Ela ainda revela que a indignação das mulheres dos detentos é ainda maior em relação aos visitantes dos policiais detidos, que ficam em um prédio anexo ao Presídio de Segurança Máxima.

“As mulheres dos policiais presos entram com a roupa que quiserem, de salto, com todas as comidas. Também entram várias pessoas juntas. Eles também estão detidos e porque têm preferência?”, questiona. Durante a visita dos policiais detidos, é comum ver os visitantes dos militares sendo hostilizados.

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