“Castigo” por causa de greve revolta mulheres de presos em dia de visitas
Centenas de mulheres foram pegas de surpresa neste fim de semana ao irem visitar detentos do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande. Ao chegarem à unidade, elas descobriram que não poderiam entrar com comida, material de higiene ou qualquer outro produto. O “castigo” seria uma forma de punir os presos pela sujeira dentro do complexo, já que eles decidiram fazer greve por melhores condições e não retiraram lixo do local desde a semana passada.
Em mural exposto na entrada de visitantes, o recado é claro: “Considerando a paralisação por parte dos internos deste estabelecimento penal, os quais realizam a limpeza do prédio, informamos a todos que nos dias 15 e 16.2.14 somente está autorizada a entrada de visitantes sem pertences, objetivando evitar mais acúmulo de sujeira”.
O fato não agradou quem costuma visitar esposo, irmão ou filho. “E o mais difícil é que a assistente social não avisou as famílias que isso ia acontecer. Todo mundo aqui trouxe marmita com comida, fumo, cigarro e material de higiene. Agora a gente paga um guarda volume para guardar, joga fora ou dá para alguém”, diz Claudineia Bento da Silva, 24 anos, que foi visitar o esposo.
A visita neste domingo (16) ocorre das 9h às 15h30. Edilene Muniz de Freitas, 38, que foi visitar o esposo, está grávida de seis meses e afirma que terá que ficar todo o tempo da visita sem poder se alimentar. “Até a lanchonete que tem lá dentro o presídio fechou hoje. Os presos vão comer a comida normal, mas a gente vai ficar o dia inteiro, até o final da visita, sem comer nada”, reclama.
As mulheres explicam que a proibição de entrada de pertences, justificada pelo não acumulo de mais lixo, é uma forma de punição pelas reivindicações pedidas peles presos nos últimos dias. Em uma espécie de greve, os detentos resolveram não sair das celas e não retirar os lixos do prédio, entre outras paralisações.
“Eles pedem melhores condições, mais respeito, atendimento de médicos e várias coisas”, fala Claudineia. Ela ainda revela que a indignação das mulheres dos detentos é ainda maior em relação aos visitantes dos policiais detidos, que ficam em um prédio anexo ao Presídio de Segurança Máxima.
“As mulheres dos policiais presos entram com a roupa que quiserem, de salto, com todas as comidas. Também entram várias pessoas juntas. Eles também estão detidos e porque têm preferência?”, questiona. Durante a visita dos policiais detidos, é comum ver os visitantes dos militares sendo hostilizados.