"Na cadeia é mais fácil de matar ele", adverte o advogado de delator
Alegando questão de segurança, o advogado do delator da rede de exploração sexual de crianças e adolescentes, Fabiano Otero, deverá comunicar à Justiça mais uma mudança de endereço. O advogado dele, Mário Augusto Garcia Azuaga, afirmou que nesta semana o cliente sofreu mais uma ameaça, feita por dois homens em uma moto.
Conforme relato do advogado, a ameaça foi na última segunda-feira, mas só hoje Fabiano Otero iria registrar a queixa na Delegacia de Polícia. “No dia eu havia orientado a registrar a ocorrência, mas ele disse que ficou com medo e que hoje irá com um amigo registrar o boletim”, afirmou Azuaga.
Ele conta que, segundo a versão dada por Fabiano Otero, por volta das 21h48, ele estava sentado em frente à casa onde está morando, esperando a irmã que havia pedido ajuda pois estava indo de ônibus e levando várias sacolas. Foi quando dois homens bem vestidos e em uma moto Falcon prata com detalhes em preto, chegaram e o garupa, apontando uma arma, disse para Fabiano sair da cidade para não ser morto.
Ainda conforme o advogado, o rapaz tomou o celular de Otero e jogou a bateria fora, para que não pudesse fazer ligação pedindo ajuda. Mário Azuaga disse que a moto estava sem placas. “Ele me ligou desesperado”, disse o advogado ao falar sobre o que ocorreu no dia da ameaça.
O advogado afirma que Fabiano Otero vem sofrendo pressão e ameaças, e o objetivo seria fazê-lo “quebrar o acordo” da delação premiada. “Forças ocultas estão pressionando para que ele (Fabiano Otero) descumpra o acordo para ir para o regime fechado”, diz Mário Azuaga, para completar: “na cadeia é mais fácil de matar ele”.
O Campo Grande News conversou rapidamente com Fabiano Otero por telefone neste sábado (30). Ele disse que já sofreu várias ameaças, mas nenhuma física. E que desde que aderiu à delação premiada, já teve que mudar de endereço três vezes e todas as vezes que isso ocorreu o juiz do processo em que foi condenado é comunicado oficialmente.
Segundo Otero, foi por isso que houve uma confusão e a Justiça chegou a tê-lo como foragido, já que, no final de março, o oficial de justiça não o encontrou para entregar uma notificação. Ele garante que o juiz do processo foi comunicado da mudança de endereço, e que a confusão é porque o juiz que expediu a notificação é da área de execução, e desconhecia a situação.
Fabiano Otero foi preso no ano passado, acusado de ser o mentor de um esquema para usar adolescentes para manter relações sexuais com políticos e empresários, para depois extorqui-los. Por isso, os encontros sexuais eram gravados. Essa fase da investigação sobre a rede de exploração sexual de crianças e adolescentes levou à condenação, além dele, o ex-vereadores Alceu Bueno (que renunciou ao mandato) e Robson Martins, o ex-deputado estadual Sérgio Assis e Luciano Pageu.
Por ter aderido à delação premiada Fabiano Otero foi condenado a 11 anos e 11 meses, metade da penda para esse tipo de crime. E vem cumprindo em regime domiciliar. Luciano Pageu continua preso enquanto os outros réus entraram com recurso e aguardam a decisão em liberdade.