“Não estamos com visão capitalista”, diz presidente da Santa Casa
Unidade de traumatologia funciona a espera de novos recursos do Ministério da Saúde e do governo do estado, sem data para serem liberados
Promessa antiga, a unidade de traumatologia da Santa Casa em Campo Grande – o hospital do trauma – começou a funcionar em setembro de 2018. Desde então iniciou-se uma queda de braço junto ao Ministério da Saúde para conseguir mais recursos para o hospital. “Não estamos aqui com uma visão capitalista”, disse o presidente da Santa Casa, Esacheu Nascimento, que afirma não haver previsão para a ampliação das verbas federais.
A Santa Casa apresentou à Prefeitura de Campo Grande – gestora plena dos recursos – um plano operativo, rejeitado pelo Ministério da Saúde. Uma equipe do Ministério esteve na manhã no hospital no dia 13 de fevereiro com objetivo de colher dados para definição da nova contratualização para 2019.
A Santa Casa pede R$ 6 milhões do Ministério da Saúde e R$ 2 milhões do governo do estado. Hoje, o hospital funciona com R$ 20,7 milhões. Desse total, R$ 4,5 milhões vem da Prefeitura e R$ 2,250 do governo do estado. O restante é repassado pelo Ministério da Saúde.
“Mas não estamos aqui com a visão capitalista de ‘se tem dinheiro atende, se não tem não atende’. Nós entendemos que o hospital oferece as melhores condições, acolhe o paciente com a maior dignidade e a gente está usando esse prédio para o que for necessário para melhorar o acolhimento dos pacientes aqui”, comentou o presidente da Santa Casa.
Hoje, o hospital do trauma opera com 51 leitos, 10 leitos de CTI (Centro de Terapia Intensiva) e ambulatórios de ortopedia. Segundo o presidente, que visitou a unidade na segunda-feira (12), haviam cerca de 100 pacientes na unidade. A subutilização da hospital do trauma é investigada pelo MPMS (Ministério Público Estadual) e MPF-MS (Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul).
“Isso está sendo coordenado pelo Ministério Público desde muito tempo. Ontem mesmo tivemos uma reunião na Procuradoria da República. Já estava tudo acertado no Ministério da Saúde para que fosse repassado para o município de Campo Grande R$ 6 milhões, o governo do estado também se disponibilizando em passar R$ 2 milhões, a Prefeitura diz que não tem condição de aumentar a participação dela”, disse Esacheu.
Cirurgias eletivas - Os espaços liberados no prédio principal, duas alas, vão ampliar o número de cirurgias eletivas realizadas no hospital. “Nas eletivas houve um início de acordo com o governo do estado e como eles tiveram dificuldades em pagar, os médicos não quiseram continuar fazendo as cirurgias”, declarou o presidente.
Na última semana, 500 médicos ameaçaram paralisação por atraso salarial. A Santa Casa culpa a falta de repasses da Prefeitura e do Governo.
“Estamos reiniciando a conversação com o município e nós, essa semana, transferimos o retorno de pacientes de ortopedia para o novo prédio da unidade de trauma e com isso estamos liberando espaço aqui no nosso ambulatório que vai atender outras especialidades, a neurologia, cardiologia", contou.
A Santa Casa também se prepara para iniciar os transplantes cardíacos, procedimento que não é realizada há 10 anos. "Já abrimos o ambulatório de insuficiência cardíaca para começar a selecionar os pacientes passíveis de transplante e outras cirurgias eletivas que estão paradas e que sejam de alta complexidade e que o hospital vai começar a atender”, prometeu o presidente.
“Tudo depende da disponibilidade de recursos e da própria adaptação que estamos fazendo no ambulatório para receber esses novos pacientes. Nós é que estamos bancando [hospital do trauma]. Até há uma colocação equivocada no Ministro, ele fala: ‘não, está só transferindo leitos’. Não, nós não vendemos leitos, nós prestamos serviços médicos hospitalares... há um aumento de fato no atendimento da população”, disse.