ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, TERÇA  16    CAMPO GRANDE 28º

Capital

Sem material para operar, hospitais tentam transferir cirurgias à Santa Casa

Falta de insumos afeta Hospital Universitário e Hospital Regional, que tentam empurrar responsabilidade para a Santa Casa.

Izabela Sanchez | 22/02/2019 11:43
Santa Casa em Campo Grande (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Santa Casa em Campo Grande (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Hospitais que realizam procedimentos cirúrgicos em Campo Grande estão sem material para realizar as operações. A informação é confirmada pela Central de Regulação de Vagas, registrada em 2 grandes unidades de Campo Grande. Coordenador geral de urgência da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Yama Higa diz que a situação ocorre no HR (Hospital Regional) e HU (Hospital Universitário), que tentam transferir os pacientes pacientes para Santa Casa.

O problema afeta as cirurgias eletivas, procedimentos não urgentes, que podem ser programados. Mas normativa da Sesau publicada em dezembro proíbe a transferência, entre os hospitais, de pacientes que precisam dessas cirurgias. A exceção é quando há risco de vida.

Segundo o Plano Municipal de Saúde (2018-2021), em Campo Grande, Santa Casa, HR, HU, Maternidade Cândido Mariano, Hospital São Julião e Hospital do Câncer são habilitados para realizarem cirurgias eletivas.

O coordenador de urgência afirma que a proibição de transferência ocorreu porque, na contratualização, os hospitais elencam serviços que são oferecidos, ou seja, assumem a responsabilidade pela execução dos procedimentos em saúde.

“Agora estão com problemas de insumos [HR e HU], aí há necessidade de transferência, mas só é permitido as urgências, que tem risco de vida. Aquele paciente que está internado ou não internado e não consegue fazer a cirurgia, está sendo protelado até que consiga fazer. O problema é que a gente tem uma contratualização que além do repasse, prevê a execução do serviço, os hospitais tem obrigação”, conta.

Yama afirma que se há risco de vida para o paciente, é feita uma avaliação para encaminhá-lo a outro hospital. “A partir de novembro isso ficou bastante recorrente, dá um problema eles colocam o paciente no sistema [de regulação] e tentam transferir pra outro hospital”, diz.

Alvo dos pedidos de transferência, a Santa Casa informou, por meio da assessoria de imprensa, que o hospital realizou 1668 cirurgias eletivas no mês de janeiro. A Santa Casa é o maior hospital do estado e oferta 10 especialidades de cirurgia eletiva: plástica, urologia, cirurgia toráxica, cirurgia geral, cirurgia cardíaca, neurocirurgia, oncologia cirúrgica, cirurgia vascular, mastologia e ginecologia cirúrgica.

Plano Municipal de Saúde O documento afirma que a Capital sofre de insuficiência de oferta de cirurgias eletivas de diversas especialidades, a exemplo da ortopedia, oftalmologia, cirurgia geral, otorrinolaringologia, angiologia, urologia e ginecologia. Essa falta, diz o Plano, causa a “urgencialização” das cirurgias eletivas.

“Cabe salientar que no Sistema de Regulação Ambulatorial – SISREG há filas de espera para consultas cirúrgicas ambulatoriais nas diversas especialidades, as quais totalizaram 17.926 solicitações até o dia 31 de março de 2017”, cita o documento.

O HU afirma, por meio da assessoria de imprensa, que ocorreu apenas um cancelamento de cirurgia eletiva por falta de material. O caso, diz, ocorreu em dezembro de 2018, quando uma paciente ficou internada durante três semanas a espera de uma cirurgia ortopédica. O procedimento foi cancelado porque faltou uma placa específica, em falta no hospital.

A assessoria de imprensa do HU afirma que abriu licitação para compra, mas não conseguiu adquirir o produto porque nenhuma empresa fornecedora se interessou pelos valores pagos pela tabela do SUS (Sistema Único de Saúde).

Por outro lado, o hospital disse que ocorre com frequência o encaminhamento de pacientes, pela central, que necessitam de procedimentos não realizados no HU ou encaminhados quando o hospital não tem vagas.

O coordenador de urgência negou que esses encaminhamentos ocorram, disse existir “uma grade de referência, pactuada com a direção do HU e de outros hospitais e o contrato dá as habilitações”.

O HU afirma que não há cancelamento de cirurgias eletivas e falta de insumos. O Hospital Universitário oferece 9 especialidades de cirurgia eletiva: bariátricas, cardiovasculares, buco-maxilo, cabeça e pescoço, ortopédicas, pediátricas, gastro, urológicas, ginecológicas e obstétricas.

Hospital Regional – O HR é, constantemente, alvo de denúncias por falta materiais e medicamentos – e se “recupera” de uma investigação por fraude em licitações, que derrubou a última gestão do hospital. Em entrevista ao Campo Grande News, o diretor administrativo declarou que foram criados novos setores no hospital – controladoria, contratos e convênios e planejamento -, para tentar “sanar” os problemas.

O diretor afirma que o hospital realiza, em média, 731 cirurgias por mês. A reportagem pediu informações e posicionamento, por meio da assessoria de imprensa, sobre a falta de insumos e transferência de pacientes que precisam de cirurgias eletivas, mas até a conclusão da matéria não obteve resposta.

O site do HR informa que há, no hospital, 45 especialidades médicas e 7 linhas de cuidado: cardiovascular, clínica cirúrgica, clínica médica, materno-infantil, nefro-urológica, oncológica e pacientes críticos.

Nos siga no Google Notícias