"Quer se fazer de vítima", acusa irmão de morto por oficial da PM
Pistoleiro diz que foi contratado para executar tenente-coronel, ré confessa por assassinato do marido
A acusação levantada pelo suposto pistoleiro Robson William da Silva Medina, 26 anos, de que teria sido contratado pelas ex-cunhadas da tenente-coronel Itamara Nogueira Vieira, 45, para executá-la, segundo a família das supostas mandantes do atentado, não procede segundo a família das suspeitas. A oficial da PM (Polícia Militar) matou a tiros no ano passado, o major Valdeni Lopes Nogueira, 40 anos, com quem era casada.
“Ela quer se fazer de vítima. É mais um tentativa de intimidar a nossa família com base em argumentos infundados", comentou o policial militar de reserva, Valdeci Alves Nogueira, 50 anos, irmão do major.
Há 4 meses, a Polícia Militar descobriu que Robson teria sido supostamente contratado em Amambai por Glória Lúcia Lopes Nogueira e Ângela Lucimar, irmãs do major, para executar Itamara. A mãe e a filha da tenente-coronel também seriam mortas, de acordo com relatos do rapaz na época.
“Nos também ouvimos comentários sobre essa acusação, procuramos ter mais notícias, mas nunca nem sequer fomos chamados para prestar depoimento”, disse por telefone.
Valdeci não só nega a acusação do rapaz em nome das irmãs, como também questiona sobre o depoimento do rapaz. “Tanto que ele foi julgado e a justiça entendeu que não havia consistência no que havia dito e o inocentou”.
Pistoleiro - No dia 10 de fevereiro deste ano, Robson teria surpreendido a mãe de Itamara, pelo bairro Coophatrabalho em uma motocicleta. Na ocasião, ele disse à ela que a família dela corria risco de morte, pois havia sido contratado “como pistoleiro” em um fazenda para matar as três mulheres.
Informação que segundo Valdeci seria falsa. “Tivemos informações de que ele supostamente rondava a casa delas de bicicleta. E de bicicleta não teria como um ‘pistoleiro’ sair do interior para matar outra pessoa em Campo Grande”, comenta.
No dia do ocorrido, ao ser questionado sobre o motivo do alerta sobre os assassinatos, Robson alegou que havia desistido da ideia. Contudo, precisava de dinheiro ou caso contrário “executaria o serviço”.
Após a ameaça, a família acionou a Polícia Militar que prendeu o rapaz em flagrante. Ele foi autuado por extorsão e homicídio qualificado na forma tentada. Na delegacia, Robson afirmou que as execuções haviam sido encomendadas pelas ex-cunhadas da PM para vingar a morte de Valdeni, irmão das mandantes.
Como prova de que havia sido contratado, o rapaz mostrou fotos das três vítimas. O suposto pistoleiro ficou quatro meses detido no Presídio de Trânsito e foi solto no dia 3 de junho, após ter sido julgado e inocentado pelo pelo juiz Waldir Peixoto Barbosa, da 5ª Vara Criminal.
“Fato é que não há como condená-lo, vez que as provas não demonstram com certeza sua participação na empreitada criminosa”, justificou o magistrado a sua decisão.
Valdeci reafirma que a família nunca foi intimada para prestar depoimento sobre as acusações do suposto atentado e acrescenta que não sabia sobre o desfecho da acusação, até a publicação da reportagem do Campo Grande News, sobre o caso e conclui.
“Ela quer ser fazer de vítima para chamar a atenção para ela, como se fosse vítima. Não pela acusação de ter matado o Valdeni com tiro de calibre .40 no estômago e outro nas costas”, afirma.
Procurado nesta segunda-feira (19), José Roberto Rodrigues da Rosa, advogado de Itamara, disse que não acompanhou o caso, mas que vai pedir o translado da ação penal para o processo que julga a tenente-coronel. A PM ainda não foi julgada.
Caso - No dia 12 de julho do ano passado, a tenente-coronel matou o marido com dois tiros, depois de uma discussão na casa onde moravam. Valdeni chegou a ser socorrido, mas morreu na Santa Casa. A policial afirmou à polícia que foi vítima de violência doméstica. Em depoimento, Itamara relatou que foi agredida com socos e tapas, ameaçada de morte pelo marido e agiu em legítima defesa.