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Capital

A partir desta segunda, acesso importante fecha para obras no Anhanduí

Ponte na Rua Bom Sucesso ficará fechada por 45 dias a partir de segunda-feira para revitalização na Ernesto Geisel; moradores se dizem satisfeitos, mas listam problemas

Humberto Marques e Liniker Ribeiro | 20/01/2019 10:34
Revitalização da Ernesto Geisel e do rio Anhanduí levou a interdições entre as Ruas Santa Adélia e do Aquário. (Foto: Liniker Ribeiro)
Revitalização da Ernesto Geisel e do rio Anhanduí levou a interdições entre as Ruas Santa Adélia e do Aquário. (Foto: Liniker Ribeiro)

O fechamento a partir de amanhã da ponte sobre o rio Anhanduí na Rua Bom Sucesso, que divide o Jockey Clube, Marcos Roberto, Vila Jacy e Taquarussu –bairros no sul de Campo Grande– pegou de surpesa alguns moradores que, diariamente, utilizam a via como ligação entre as Avenidas das Bandeiras e Bandeirantes. O trecho ficará interditado por 45 dias para continuidade das obras de revitalização da Avenida Ernesto Geisel que, com uma série de transtornos gerados na região, são acompanhadas do desejo de que não sejam paralisadas.

A interdição foi anunciada via assessoria pela Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), que apontou as Ruas do Aquário e José Paes de Farias como alternativas de tráfego para quem seguir do Jardim América, Nhanhá e Vila Piratininga à região do Amambai e Vila Bandeirantes.

“Assusta um pouco, a gente não estava sabendo, mas não dá para questionar”, afirmou a fotógrafa Maria Rodrigues, que tem um estúdio próximo ao cruzamento que ficará interditado por um mês e meio. Apesar da perspectiva de ter os negócios prejudicados, Maria vê a situação como um mal necessário. “Compromete um pouco o movimento no estúdio, mas entendo que é preciso passar por isso. É como se fosse a reforma da nossa casa”, disse.

O lavrador Adauto Peixoto de Azevedo, 73, disse ter ouvido ainda na manhã de sexta-feira sobre o fechamento da ponte. “Não estava esperando, mas a gente entende a necessidade”, disse, torcendo por contar com “uma avenida mais bonita” ao fim dos trabalhos. “Todo mundo está contente porque são melhorias para a cidade”, disse, revelando apenas um temor. “O que a gente não quer é que pare (a obra)”, afirmou, torcendo ainda por melhorias na iluminação.

Ponte na Bom Sucesso, corredor que liga as Avenidas das Bandeiras e Bandeirantes. (Foto: Liniker Ribeiro)
Ponte na Bom Sucesso, corredor que liga as Avenidas das Bandeiras e Bandeirantes. (Foto: Liniker Ribeiro)

Conscientes – Seja pelo fato de conviverem por anos com uma avenida marcada pela alta velocidade e insegurança, graças a moradores de sua e criminosos que se escondiam nas matas do rio Anhanduí, vizinhos às obras de revitalização da Ernesto Geisel intercalam as reclamações sobre os vários inconvenientes gerados com a obra com o cenário desenhado a partir de sua conclusão.

Orçada em R$ 48,4 milhões e dividida em três lotes executados por duas empreiteiras –Gimma Engenharia (primeira parte) e Dreno Construções (segunda e terceira fase)–, as obras na Ernesto Geisel eram aguardadas desde o fim de 2012, na gestão do então prefeito Nelsinho Trad (PTB). Idas e vindas envolvendo a falta de interessados em executar às obras e o seu posterior redimensionamento adiaram, desde então, o início, que se deu efetivamente no fim de 2017, com a realização de nova licitação.

Quando terminado, o empreendimento deve contar com encostas do Anhanduí protegidas por muros de gabião, rede de drenagem, pavimentação e sinalização refeitas e uma ciclovia. Tais promessas fazem com que o pó levantado por máquinas pesadas e a queda no movimento de estabelecimentos comerciais acabe sendo aceito pela comunidade.

Na tarde de sexta-feira, a cuidadora Jakeline Ferreira da Silva, 31, sentou-se em frente à sua casa, na Ernesto Geisel, para vigiar os filhos brincando na rua. “Isso só acontece quando não tem nenhum tipo de trabalho aqui na frente”, afirmou ela, vendo uma situação dúbia em relação à obra.

Adauto disse que soube com antecedência do fechamento da ponte, que surpreendeu. (Foto: Liniker Ribeiro)
Adauto disse que soube com antecedência do fechamento da ponte, que surpreendeu. (Foto: Liniker Ribeiro)

“É bom e é ruim. Bom porque é uma melhoria. Agora, a sujeira e os caminhões deixam a gente preocupados. Mas apesar disso está tranquilo, ninguém incomoda, e a gente sabe que vai ficar bom”, disse Jakeline.

O vendedor Anderson Machado Martins, 23, mora na rua Patriarca, a poucos metros da Ernesto Geisel, e também vê problemas e soluções com a obra. “A casa fica suja por causa da poeira, mas a obra em si está ficando legal. Todo mundo sabe que é preciso passar por isso”.

Para o comerciante Oneivan Batista, 45, a obra traz outro inconveniente, que atinge diretamente o seu sustento. Dono de uma oficina de motocicletas, ele viu um movimento que antes chegava a 15 motos em seu pátio cair para apenas duas. “Caiu muito o movimento”, afirmou, explicando que costuma orientar os clientes de que, embora a via tenha vários trechos interditados, ele continua a trabalhar.

“Os clientes nem sempre entendem que podem vir até aqui. A oficina fica na Ernesto Geisel, mas as placas de rua usadas como acesso, desvio, dizem que só moradores podem entrar. Isso deixa o pessoal inseguro para chegar aqui”, disse Batista. “O que mais pesa é esse tempo fechado e a má sinalização. Mas, no mais, não tem problema. Poeira a gente sabe que vai ter. Se quer a melhoria, não pode reclamar”, complementou.

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