“Achei que não sairia vivo”, disse caminhoneiro sequestrado há 3 dias

Aos 46 anos, um dos caminhoneiros resgatados pela Polícia Civil, no final da manhã desta sexta-feira (28), afirmou que achou a todo tempo que morreria no local onde estava sendo mantido em cárcere. O homem aceitou um frete para Maringá, no Paraná, e estava no local desde a quarta-feira (26), quando foi abordado por dois homens na região da Avenida Guaicurus, em Campo Grande. O outro motorista foi levado para o cativeiro na tarde de quinta-feira (27).

Ao Campo Grande News, o motorista, que terá a identidade preservada, contou que recebeu a proposta de frete via WhatsApp e, pelo valor ser mais alto que o normal, decidiu aceitar. “Eles mandaram a ordem de carregamento com o nome de uma empresa de reciclagem e mandaram a localização, achei estranho porque o endereço era diferente da empresa, mas acreditei se tratar de um depósito”, declarou o homem.

O caminhoneiro então veio para Campo Grande e foi até o local combinado, onde foi abordado por dois homens usando um colete com faixa reflexiva. “Eles estavam parados na calçada e fizeram sinal para eu parar. Eles começaram a olhar o caminhão, achei muito estranho e, quando fui para a outra porta, um deles já veio armado e anunciou o assalto”, afirmou o motorista.

Poucos minutos depois, um terceiro integrante do bando chegou em um veículo Corsa e os homens deram ordem para que o caminhoneiro entrasse no veículo. “Me colocaram abaixado no banco traseiro e ficaram com a arma apontada para mim, achei que ia morrer ali mesmo. Começou a me dar um suador, fiquei desesperado”, contou.

A vítima foi levada para o espaço de festas na Rua Irineu Machado Cardoso, Bairro Parque Novo Século e mantido em um quarto pequeno do local. Segundo ele, havia cinco homens, sendo um deles o líder do bando, todos armados.

“Eles faziam pressão o tempo todo, principalmente para passar dinheiro. Tiraram ao menos R$ 10 mil da minha conta, fizeram vídeo com a arma na nossa cabeça para pressionar nossas famílias. Implorei para que preservassem minha vida, meu sogro morreu um dia antes de eu ser sequestrado, minha esposa e minhas filhas estavam velando ele, só pensava nelas”, explicou.

O outro caminhoneiro, de 50 anos, chegou ao local na tarde desta quinta-feira (27). Ele foi abordado no posto Caravaggio, amarrado e colocado no carro para ser levado ao cativeiro. Ainda bastante nervoso, ele relatou à reportagem que também havia sido contratado para fazer um frete. Ele não soube detalhar para onde iria a carga, mas contou que era de uma cidade perto de Curitiba, no Paraná, e que perdeu cerca de R$ 7 mil das contas bancárias.

Ambos os homens contaram que já havia perdido as esperanças de sair do local, mas quando ouviram a movimentação da polícia na região se sentiram extremamente aliviados e felizes, porque sabiam que sairiam do local.

“Foi a maior alegria do mundo. Só tenho a agradecer aos policiais que tiraram a gente de lá. Minha filha registrou o boletim de ocorrência e os homens fizeram uma compra com meus dados, aí eles nos acharam. É uma sensação de alívio mesmo”, afirmou o primeiro sequestrado.

Resgate - Os dois homens foram resgatados no final da manhã desta sexta-feira (28), por equipes da Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos) e do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros).

De acordo com o delegado Guilherme Sarian, equipes da Polícia Civil ainda estão em diligências, mas quatro homens já foram presos pelo crime e levados para a Defurv. A suspeita é de que um dos caminhões já tenha sido levado para o Paraguai.