"Acreditava na impunidade", diz delegado sobre condutor que matou jovem
Em depoimento, o autor confessou o crime e admitiu dirigir sem CNH em carro emprestado
"Eles acreditavam na impunidade”, diz o delegado Camilo Kettenhuber, da 6ª Delegacia de Polícia Civil da Capital, sobre a omissão de socorro e fuga do condutor do VW Gol, que atropelou e matou Luís Gustavo Biazzi Tomicha, de 21 anos, no Santa Emília. O acidente aconteceu na noite do dia 13 de janeiro, e o jovem morreu por traumatismo craniano na Santa Casa três dias depois.
Em depoimento, o autor confessou o crime e relatou que no momento do acidente estava indo buscar um amigo em um mercado, mas não soube dizer o nome nem indicar um telefone para contato do suposto amigo.
O autor declarou que havia acabado de sair da conveniência da sogra, não estava sob efeito de bebidas alcoólicas e que não possui CNH (Carteira Nacional de Habilitação). O carro pertence à esposa do autor, que vai responder pelo crime do artigo 310 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) por ter confiado a direção do veículo à pessoa não habilitada.
O condutor relatou que no momento do acidente estava chovendo e o para-brisa estava embaçado, impedindo a visão. Quando questionado pela autoridade do porquê de não ter parado o veículo para esperar melhores condições de tráfego, ele apenas informou que “não sabe porque não parou o carro”.
O delegado esteve em contato com a família da vítima, que está abalada após enterrar o único filho e frustrada pelo autor do crime responder em liberdade. A namorada da vítima, em depoimento, falou que na esquina do acidente tem uma calçada que empoça de água, e quando a vítima estava a levando para casa, os dois desviaram do local pela rua, para não molhar os pés. Ela acredita que a vítima tenha repetido o ato na volta pra casa, momento que pode ter ocorrido o acidente.
Investigações - Após o acidente, a família passou a divulgar imagens de câmera de segurança para ajudar a localizar o autor do crime. O veículo foi localizado escondido dentro de uma garagem de várias quitinetes, na Vila Piratininga, sob um cobertor, ocasião em que foi apreendido e periciado.
O autor foi identificado e decidiu se apresentar com o advogado nesta segunda-feira (23), ocasião que foi ouvido. Ele confessou ter sido o condutor do veículo que atropelou e causou a morte do jovem. Ainda revelou não ser habilitado, sendo indiciado pelo crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor sem possuir CNH e sem ter prestado socorro à vítima.
"O condutor não foi preso em razão de ter se apresentado com o advogado, tendo assim caracterizado o instituto da apresentação espontânea", disse a polícia em nota.
Acidente - Segundo relato do pai da vítima, o técnico Luiz Gonzaga Lopes Tomicha, 58 anos, o filho tinha acabado de se despedir da namorada e estava voltando para casa, a pé, quando foi surpreendido pelo veículo.
O pai explica que tanto a família da vítima quanto a namorada moram na mesma região. Ao notar a demora para o filho voltar para casa, o técnico saiu de carro para procurar o jovem, quando viu a ambulância na avenida. “Olhei assim e achei que não era ele”, conta o pai. “É um choque muito grande, a gente nunca está preparado pra isso”. Imagens da câmera de segurança mostram o crime. O condutor fugiu do local em alta velocidade.
Veja abaixo imagens do acidente.