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Capital

Além de crescer 47%, roubos são mais violentos e não poupam nem PM

Renan Nucci | 29/07/2014 10:27
Comerciante foi baleado na perna durante assalto. (Foto: Marcelo Calazans)
Comerciante foi baleado na perna durante assalto. (Foto: Marcelo Calazans)
Coronel Carneiro afirma que a PM desenvolve ações específicas no combate ao crime. (Foto: Marcelo Calazans)
Coronel Carneiro afirma que a PM desenvolve ações específicas no combate ao crime. (Foto: Marcelo Calazans)

Assaltantes estão agindo mais e sendo mais violentos neste mês em Campo Grande. Segundo levantamento da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), o número de roubos teve aumento de 47% de 1º a 29 deste mês na cidade em relação ao mesmo período do ano passado. Além do crescimento, os criminosos estão mais violentos, baleando e até matando as vítimas. 

A Secretaria de Segurança, no entanto, aponta queda na criminalidade "em diversas regiões de Campo Grande". Durante debate sobre as metas de redução da criminalidade no Estado, no início deste mês, o secretário Vantuir Jacini, expôs que a sensação de segurança melhorou. Com destaque para a região do Prosa, onde os roubos a estabelecimentos comerciais caíram 29,4% nos primeiros seis meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Números de redução da criminalidade foram registrados ainda na região do Anhanduizinho, roubo em residência (-66,7%), e roubo em estabelecimento comercial (-41,2%) e na região do Lagoa com menos 12,5% de queda nos roubos a estabelecimentos comerciais, segundo dados divulgados pelo secretário.

No entanto, de 1° janeiro a 29 de julho deste ano, segundo dados obtidos pelo Campo Grande News junto à Sejusp, foram registrados 2.689 roubos na Capital, envolvendo todos os tipos, sendo que no mesmo período do ano passado houve 1.820, o que representa aumento de 47,7%.

PM - Segundo coronel Carlos de Santana Carneiro, a Polícia Militar está atenta a este cenário e por isso, realiza operações específicas de combate ao crime, tais como a “Saturação”, que tem resultado na prisão de criminosos.

“Temos um setor de inteligência que mapeia pontos críticos e fornece dados importantes para o trabalho dos policiais”, disse Carneiro, destacando que o apoio da comunidade é importante. “O cidadão tem que ser amigo da PM e ajudar no nosso trabalho, principalmente por meio de denúncias”, completou.

PM foi baleado dentro de loja da família no Oliveira. (Foto: Marcelo Vitor)
PM foi baleado dentro de loja da família no Oliveira. (Foto: Marcelo Vitor)

Alerta - A situação preocupa os moradores que precisam alterar sua rotina para evitar a ação dos criminosos, como o caso da operadora de telemarketing Cláudia Rafaella da Silva Pereira, de 20 anos.

A jovem foi assaltada há cerca de dois meses enquanto voltava para a casa, na Vila Albuquerque. Desde então familiares diariamente a vigiam enquanto desce do ônibus e se dirige até a entrada do residencial onde mora. “Eles ficam me esperando. Agora sempre que vejo uma moto passando por perto, fico assustada”, disse a jovem.

Ela conta que era início da noite quando desceu de um ônibus de transporte público e caminhava em direção a entrada do residencial, quando foi abordada por um motociclista. O indivíduo se aproximou e anunciou o assalto.

“Ele pediu minha bolsa. Quando tentei olhar para o rosto dele ele me ameaçou, e levantou a camisa mostrando uma arma. Em seguida, bastante nervoso, pediu meu celular, no momento em que um morador abriu o portão do residencial. O bandido se apavorou, pegou o telefone e tentou puxar minha bolsa, mas segurei com força e ele desistiu”, relatou.

Cláudia diz que ficou em estado de choque durante a ação, e que chorou muito após o ocorrido. “Fiquei sem reação, muito assustada”, disse a operadora de telemarketing reforçando que já não se sente tão segura assim para transitar nas ruas de Campo Grande. Segundo ela a violência preocupa. “Foi uma situação horrível, traumática”.

Em outro caso recente, ocorrido na madrugada do dia 19, o comerciante Luiz Bezerra da Silva, 74 anos, acabou baleado em tentativa de assalto no bairro Maria Aparecida Pedrossian. Dois bandidos encapuzados chegaram a pé e invadiram a lanchonete da vítima, que fica em um trailer na Rua Marina do Couto Fortes. Armados, eles anunciaram o assalto e obrigaram Bezerra a se deitar e a entregar a carteira com documentos e dinheiro.

Com um revólver apontado para a cabeça, o comerciante não resistiu e atendeu às ordens, porém, mesmo assim foi baleado na perna direita. O funcionário que o ajudava foi agredido com socos. “Meu pai estava fechando a lanchonete quando essas pessoas apareceram. Um funcionário que estava por lá presenciou tudo, acionou a polícia e me chamou. Eu mesmo coloquei meu pai no carro e o levei para o hospital”, disse na oportunidade André Luiz da Mata, 27 anos, filho de Bezerra.

Delegado Fábio Peró, da Derf, diz que bandidos temem pena de crime de latrocínio. (Foto: Marcos Ermínio
Delegado Fábio Peró, da Derf, diz que bandidos temem pena de crime de latrocínio. (Foto: Marcos Ermínio

Mortes - Recentemente, dois casos chamaram ainda mais a atenção das autoridades, pois a vítimas, ambas policiais militares, foram executadas. No dia 3 de junho, Rony Maycon Varoni de Moura Silva, 28 anos, morreu ao ser alvejado por um grupo de moto que queria roubar do PM um malote com R$ 20 mil, na saída para Aquidauana. A vítima estava de caso e prestava serviço de transporte de valores a uma distribuidora de bebidas.

Na última quarta-feira (23), o PM Valdir Antunes de Oliveira, 41 anos, foi baleado durante assalto a sua loja que fica no Jardim Oliveira. Três homens armados invadiram o local e renderam a esposa e o filho da vítima (um bebê), além de uma funcionária e um cliente. O trio tomou R$ 200 e ficou esperando a chegada de Valdir que não estava no local. Ao se aproximar, o PM foi atingido por disparos, e morreu a caminho do hospital.

O delegado Fábio Peró, da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), comentou sobre a onda de assaltos. Segundo ele, os assaltantes não vão com a intenção de matar a vítima, já que sabem que o crime de latrocinio é o que tem a pena maior. "Quando acontece de ocorrer de atirarem contra as vítimas é porque a vítimas reage ou eles estão muito drogados", afirmou o delegado.

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