Alianças de santo casamenteiro começam a ser escondidas em 500 potes de bolo
Diz a crença que encontrar as joias abençoadas por Santo Antônio garante o casamento para quem ainda está solteiro
A montagem dos 4 mil bolos de pote que serão vendidos aos devotos de Santo Antônio, no sábado (13), começou ontem, mas a distribuição das alianças entre os pedaços vai ficar para às vésperas da festividade. Este ano, serão quinhentas, incluindo o par das joias em ouro, garantia de casamento para os que têm fé.
Durante a semana, os voluntários prepararam a massa do bolo e na quarta-feira (10) teve início a montagem. Esta é a primeira vez que o doce de Santo Antônio será servido em potes, resultado das mudanças impostas pela pandemia do coronavírus.
A montagem está sendo feita na cozinha da paróquia por 15 voluntários equipados com luvas, toucas e máscaras, mas as alianças só vão para os potes na sexta-feira depois da bênção do padre Wagner Divino, o pároco da Catedral nossa Senhora da Abadia e Santo Antônio.
Este ano serão 500 alianças, número bem superior aos 365 do ano passado. Mas as fatias tiveram uma redução. Em 2019 foram 7 mil. A redução para 4 mil potes é mais uma medida para evitar aglomerações em meio a pandemia.
O bolo é feito com massa de pão de ló e recheado com creme de confeiteiro e de chocolate. Tem também uma calda especial para deixar ele com aspecto de “molhado” e uma cobertura de Chantilly.
A médica veterinária Natalia Rocha, de 30 anos, colocou a mão na massa neste feriado (11) para ajudar com a festividade. Integrante da Pastoral de Comunicação da Igreja, ela diz ter começado a atuar como voluntária em 2018, após a morte da mãe. “Desde criança vinha na paróquia com minha mãe. Ela era muito envolvida. Quando ela morreu, minha vontade de servir aumentou”. Para ela trabalhar na Catedral significa “que a gente está devolvendo tudo o que Deus nos dá”.
Casada há 9 anos e mãe de dois filhos, de 8 e 3 anos, ela não está na fila dos que compram o bolo com a intenção de garantir o casamento, mas bênçãos.
A professora Regina Aparecida Santos, de 49 anos, também trabalha na montagem dos bolos. “Para mim é muito gratificante participar da tradição”, diz. Ela é membro da igreja há dois anos e desde então atua ativamente nas atividades da paróquia.
Quando ainda não trabalha na confecção do bolo, Regina via com estranheza as pessoas formarem fila para pegar o pedaço com as alianças. “Eu via aquele povo todo aglomerado pegar o bolo e eu achava um desespero. Agora que participo comecei a me colocar no lugar das pessoas. Tem muita gente que acredita, que tem sonho de casar. Comecei a olhar por esse lado”.
Regina é solteira e diz não ter vontade de casar. “Eu acho que isso vem de acordo com o propósito de Deus. Se uma hora eu achar a aliança quer dizer que vou encontrar meu José”, brinca, fazendo referência a um personagem bíblico.
Mudanças - Este ano os bolos serão vendidos a R$ 5 e em potes que, serão higienizados com álcool em gel assim após o fechamento s e antes de serem entregues aos clientes. Para evitar aglomerações, haverá marcações nas ruas com o distanciamento que deverá ser mantido entre um fiel e outro.
A venda das fichas e distribuição dos bolos vai começar às 6h e haverá um drive thru montado na porta da paróquia para os fiéis que quiserem permanecer nos carros.