“Estou reaprendendo o valor da comunhão”, diz Dom Dimas sobre o isolamento
Arcebispo da Arquidiocese de Campo Grande celebra a missa mais importante do ano para uma igreja vazia
A luz da manhã atravessa os vitrais e ilumina o coral que ensaia para a missa mais importante do ano da religião católica dentro da Catedral Nossa Senhora da Abadia e Santo Antônio na região central de Campo Grande. É domingo de Páscoa (12 de abril) e às 8h30 chega o arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa. Em meio à equipe de celebração e à nave vazia, revela: “estou reaprendendo com intensidade o valor da comunhão”.
O aprendizado, vai contando Dom Dimas ao Campo Grande News, ocorre pela reavaliação deste que é um dos ritos mais sagrados para a fé católica, a liturgia da comunhão no dia que celebra a mensagem de que o cristo vive. Em tempos de pandemia, o arcebispo da Arquidiocese de Campo Grande lembra que apesar da tristeza, importantes lições devem ficar entre os seres humanos mundo afora.
Enquanto as lições vão habitando o coração, explica o bispo, a mensagem para quem está em casa neste domingo assistindo a tradicional missa de longe é de “solidariedade com os que sofrem”.
“É uma oportunidade para a gente reconhecer a grandiosidade do mistério da comunhão dos santos”, diz Dom Dimas.
“Aqui mais do que nunca eu posso reaprender de perto aquilo que eu dizia nos tempos de paróquia para os doentes acamados: vocês podem ser missionários sem sair de casa. Santa Terezinha é a padroeira das missões sem nunca ter saído do Monte Carmelo, mas na sua unidade com os missionários se tornou a Santa Padroeira das Missões, então eu estou reaprendendo com mais intensidade o valor da comunhão”, revela o arcebispo.
Dom Dimas conta, ainda assim, sobre o sentimento inédito, difícil, de ver a igreja que abrigou a multidão na visita do Papa João Paulo II, em 1991, vazia. “Não só pra mim, acho que pra todo o povo, está sendo muito difícil, teve que viver a semana santa inteira online. Mesmo para o papa, ter que celebrar assim tão a distância”, comenta.
“O Papa que está acostumado a celebrar sempre com a Praça São Pedro lotada, a via sacra celebrada inclusive ali no próprio Coliseu e, agora, sozinho, só com a equipe celebrativa dentro da basílica, isso pra nós é muito difícil. Eu tenho sempre repetido que o que mais faz falta para mim e acho que para todos nós é o contato”, relata Dom Dimas.
“Então eu espero que o quanto antes nós possamos estar juntos de novo”, diz.
Dom Dimas conta já estar acostumado ao trabalho de escritório, mas revela que o “ficar todo tempo em casa” não é fácil. “Claro que o trabalho de escritório em si, trabalhar em casa, que talvez seja uma descoberta para muitos de nós, eu já estava mais ou menos acostumado porque tenho assessores em outros estados, cidades, mas é diferente você ter que ficar o dia inteiro”.