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Comportamento

Após 43 anos, família se vê distante na Páscoa, mas não sem amor

Pela primeira vez, famílias se sentem pela metade no Domingo de Páscoa, mas o alento está em acreditar no "ato de amor"

Thailla Torres | 12/04/2020 07:12
Pela primeira vez, após 43 anos, família de Marina ficará distante das tradições.
Pela primeira vez, após 43 anos, família de Marina ficará distante das tradições.

Neste domingo de Páscoa (12), a internet será a principal aliada para diminuir a saudade de quem teve que abrir mão das viagens ou dos preparativos do almoço tradicional em família. A distância é uma continuação do cuidado extremo para evitar o contágio pelo novo coronavírus.

“Será a primeira Páscoa em 43 anos longe da minha mãe. Vamos nos manter conectado pela internet. Temos um grupo no WhatsApp”, diz a veterinária Marina Hojaij Dobashi, de 43 anos.

“Nossa família tem duas profissionais da saúde. Além dos nossos pais que têm mais de 75 anos. A tensão é grande. Estamos com uma das nossas irmãs em isolamento por ter tido contato com caso positivo de Covid-19 lá no Rio de Janeiro. Estamos aqui rezando para que tudo dê[TT1]  certo, e todos saiam dessa mais fortalecidos e saudáveis”, acrescenta.

Os domingos de Páscoa sempre tiveram muita importância na família, diz. “Somos cinco irmãos, todos casados, e cada família foi morar em um estado diferente. Nossa raiz fica em Jaú, interior de São Paulo. Nossos pais moram lá, numa casa grande, onde cada família tem seu quarto. E dos 5 casais já são 11 netos, todos unidos. Comemoramos a semana santa sempre juntos na casa deles. E o cardápio é sempre o mesmo, seguindo todas as tradições pascais”, descreve.

A pandemia cancelou todos os planos. A vontade de estar perto deu ensejo à esperança até os últimos dias antes do feriado. “Foi muito difícil aceitar e desistir. Cancelei as passagens somente na última segunda-feira. Tínhamos a esperança de que algo pudesse mudar”.

Vai ser uma Páscoa diferente, mas não menos religiosa, diz. “Acreditar na ressurreição de Cristo é muito importante para nós e um momento de união. Onde unimos a família e os amigos. Seguimos as tradições, o lava pés, a hora santa e a missa de Páscoa”, conta.

Apesar da saudade, Marina reforça o respeito à limitação do contato físico neste momento. “Não abraçar as pessoas é muito difícil. Não poder estar perto de quem você ama para mantê-los em segurança é uma decisão importante neste momento. Desejo que neste domingo as pessoas sintam o amor de Jesus entrando em suas casas e em seus corações. Pois precisamos estar separados hoje para estarmos juntos amanhã”.

Família de Elenice Moraes durante Páscoa.
Família de Elenice Moraes durante Páscoa.

A consultora de financiamento Elenice Moraes, de 57 anos, confessa que também se sente pela metade neste domingo, diante da impossibilidade do tradicional reencontro familiar e as brincadeiras marcam a Páscoa dentro de casa. “Hoje será somente eu e meus filhos, como um almoço normal de domingo. Mas pensamos em fazer uma reunião online com a família em um determinado horário”, diz.

Ela conta que a Páscoa passou a ser celebrada na sua casa depois que a mãe faleceu. As reuniões costumavam iniciar logo cedo para o preparo do almoço. Logo após a refeição e as orações, a família dava início ao bingo e ao 'lalau' de chocolate, brincadeira semelhante a um amigo oculto realizado no Natal. “Mas por um bem maior a gente não vai se reunir, para poder reunir outras vezes”.

A saudade é tanta que para continuar vendo a família ela pede que todos tenham consciência sobre o momento que o mundo está vivendo. “Na Páscoa precisamos renascer para uma nova vida. Aprender com tudo isso que estamos passando é importante, assim como a união em família mesmo que não seja de forma presencial. Que o fato de ficar separados seja visto como um ato de amor para podermos preservar a vida”, completa.

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