Eucarista "sob controle": fiéis vão à igreja para comungar na Páscoa
Um a um, mas esperando na fila do escritório da Paróquia, até os idosos querem receber o símbolo do corpo de cristo
Fila na escada que dá acesso ao escritório da Paróquia de Santo Antônio, um anexo a catedral, é a vontade de estar no templo católico no dia mais sagrado para os católicos em todo o mundo, o domingo de Páscoa. Neste 12 de abril, ainda que a eucaristia, a sagrada comunhão, seja diferente, o fato de ser presencial é maior que o medo do novo coronavírus e atrai os fieis para a rápida consagração do corpo e do sangre de Jesus Cristo de Nazaré.
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos” (João 6:51-71).
É esta a passagem da vida que parece sacralizar para estes fieis a necessidade de ir à igreja mesmo sem a permissão de entrarem na nave pare verem, ao vivo, à missa e mesmo com medo do contágio. Neste domingo, a Santo Antônio realiza a eucaristia em dois horários. O primeiro, até às 11h, já acabou mas no fim da tarde a comunhão pode ser feita entre às 18h e às 20h.
A salinha onde o ato sagrado acontece fica ao lado de uma pia para que as pessoas possam lavar as mãos. Álcool gel 70% também está disponível. Um de cada vez, os fieis entram, recebem a comunhão e vão embora.
Ministro da Eucaristia, Rafael Souza, afirma que neste domingo, desde o primeiro horário, o da manhã, já é possível perceber que a liturgia da eucaristia atrai ainda mais os fieis. “Muitas pessoas preferem vir, não é a mesma coisa fazer em casa, tem o padre consagrando na igreja”, disse ele que explicou, ainda assim, que a presença é maior entre os jovens.
“É por uma questão das pessoas estarem acostumadas, as pessoas sentem falta”, disse Rafael.
Por mais que esteja no chamado grupo de risco para desenvolvimento da Covid-19, a doença do coronavírus, Luis Antônio de Azevedo, 64, acha mandatório ir à igreja para realizar a eucaristia. Ele disse que o ato é um protocolo.
“Venho pela simbologia. Comungar faz parte, se não falta alguma coisa. Fico com medo de não conseguir me redimir dos pecados”, comentou.
“Não é a mesma coisa à distância e não é sacerdotal”, sintetiza o fiel.
Neusa de Fátima Melo, 57, está assistindo a missa pela televisão todos os dias, mas acredita que se a eucaristia é realizada na igreja é porque as pessoas devem participar. “Falta alguma coisa se não comunga, parece que não fica completo, se falta alguma parte da liturgia para concluir”, explica.
Juliene Mouro, 31, tem costume de ir à missa todos os dias. “Para mim comungar é se fortalecer e renutrir o espírito de Jesus dentro de si mesmo. Estava acostumada a ir na missa todos os dias e para mim está fazendo muita falta”, comentou.