Amigos organizam protesto e cobram resposta sobre morte de drag queen

No dia 20 de dezembro a drag queen Apollo Black foi assassinada a tiros, enquanto ia para a casa da mãe. Quase um mês após o crime, a dor da perda e a morte ainda sem explicação, fizeram com que amigos de Eder Henrique Coenga, de 27 anos, se reunissem para organizar um protesto para externar a pergunta que não sai da cabeça: “Quem matou Apollo Black?”.

“Um tributo em forma de protesto. Um protesto artístico”, é assim que Deko Giordan define o movimento. A manifestação será feita com tudo que em vida Apollo amava. “Um tributo cheio de poesia, arte drag, dança e cantores. Uma homenagem que ao mesmo tempo demonstre nossa revolta mediante a violência e o anseio para que o crime seja elucidado”.

A amizade de Deko e Apollo começou em 2017, pouco antes dele brilhar no concurso Drag Star MS e ser eleito a melhor drag queen de Mato Grosso do Sul, em 2018. A Pink Lemonade, casa de show do amigo, se transformou também na casa de Apollo, que se apresentava lá todas as semanas.

“Apollo era uma pessoa doce e cativante, fez muitos amigos dentro do Pink. Era a pessoa que passava em todos os setores da casa para cumprimentar e abraçar cada funcionário e o mesmo acontecia ao se despedir. Educado, prestativo, alguém que ganhava o coração de amigos com maestria”, lembra Deko com carinho.

Agora, o carinho por Apollo é a força para lutar por justiça. Por isso, os amigos resolveram organizar o protesto, que ainda não ganhou data e local. “O dia depende da liberação de um espaço público, o que demanda uma certa burocracia aqui em Campo Grande, mas estamos correndo atrás”.

Para Deko, o sentimento para todos que conviviam com o amigo ainda é confuso e o protesto é a forma encontrada para externar o que todos sentem. “É uma mistura de tristeza pela perda, revolta pelo crime e esperança no trabalho da nosso Polícia”.

Conforme apurado pelo Campo Grande News, as investigações sobre o crime continuam, mas estão sob sigilo. A última informação divulgada era que a polícia aguarda os laudos de exames de necrópsia e principalmente os feitos pelo ex-namorado de Eder, um estudante de direito, de 37 anos, apontado como suspeito do crime. O rapaz negou envolvimento.

O crime – Eder Henrique Coenga foi morto com um tiro no peito na noite do dia 20, uma sexta-feira, no trecho sem saída da Rua Frederico Soares atrás do Shopping Campo Grande. Ele seguia para a casa da mãe, que mora na mesma região, quando foi atingido pelo disparo.

Imagens de câmera de segurança flagraram Eder passando pela Rua Frederico Soares às 19h22. Quatro minutos depois, o autor do disparo aparece fazendo o mesmo caminho da vítima. No minuto seguinte, o suspeito volta correndo após dar o tiro que matou a drag queen. Ele fugiu em um veículo Fiat Uno