Antigo albergue noturno tem projeto estrutural e obra já devia ter começado
Durante aproximadamente um ano, o prédio do antigo Albergue Noturno de Campo Grande, na avenida Afonso Pena, ficou totalmente abandonado. Atraindo bêbados e usuários de drogas, o lugar se tornou um fardo para comerciantes e moradores da região. O problema começou no ano passado, quando o prédio foi demolido parcialmente pela prefeitura.
Porém, a instalação de tapumes apontava que uma obra estaria por vir, o que resolveria o problema do abandono.
Um ano se passou e a nova construção, que, a princípio, abrigará um projeto da Prefeitura, até agora não saiu do imaginário daqueles que esperam uma mudança drástica na paisagem.
Nesta semana, homens da empreiteira VP Monteiro, que presta serviço para a construtora Plaenge, estavam colocando novos tapumes no local, pois segundo eles, a tão esperada reforma está prestes a começar.
De acordo com o vice-prefeito Edil Albuquerque (PMDB), que esteve envolvido com a implantação do projeto no local, o prédio será um centro de qualificação profissional do município. “Já existe um projeto estrutural definido que será realizado pela Plaenge”, afirmou o vice.
Edil informou que as obras já deveriam ter começado, mas segundo ele, a necessidade de manter algumas partes da estrutura com o objetivo de preservar o local, atrasou a reforma. “Nós íamos demolir tudo e reconstruir, mas como algumas partes da estrutura precisaram ser mantidas, e a gente não contava com isso, acabou atrasando”.
O albergue não funciona há anos, mas o problema, segundo os moradores, se instalou depois que a Prefeitura resolveu mexer no prédio sem finalizar a ação. Com os tapumes e a demolição parcial, o lugar se tornou ponto frequente de marginais.
Problemas: “Eu moro aqui há quatro anos e o abandono traz muitos problemas. Desvaloriza a região e, além disso, é perigoso. No ano passado, quando eles (prefeitura) quebraram tudo piorou muito. Antes tinha uma grade, era limpo. Tinha um homem que morava lá e cuidava do lugar”, contou a dona de casa Ana Maria Manchieri.
O homem ao qual a dona de casa se referiu era zelador do lugar, empregado pela Associação das Abnegadas de Mato Grosso do Sul, que administrou o imóvel. Joelson Corrêa da Silva, 58 anos, morou no prédio durante 11 anos com a esposa e as três filhas. Ele foi despejado no ano passado quando a intenção de obra começou.
Desespero-“Já briguei, já cansei, já fiquei amiga dos bandidos, já fui roubada e continua assim”. Essa é a declaração bem humorada da comerciante Joceli Peruzzo, 32 anos, dona de uma clínica veterinária e uma loja de roupas na Afonso Pena, ao lado do albergue. Com bom humor, mas sem esquecer da gravidade, ela disse que a situação é crítica.
“De fato, a gente tenta ser amigo dessas pessoas que frequentam o lugar porque é a única forma de ter segurança. Eu já fui roubada, entraram na loja de madrugada e levaram muita coisa. Medicamentos, ração, computador, aparelhos de uso veterinário, e nós sabemos que foi gente que fica ali direto. Mas se a gente se indispuser com eles, é pior. Eu conheço todos eles. Chamo pelo nome mesmo”, afirmou.
“O prédio abandonado desvaloriza o ponto e o local não é referência para ninguém. Qualquer coisa que seja construída que traga segurança e que fique bonito, para mim está ótimo”, concluiu.
Projetos anunciados: Após uma audiência pública em 2008, realizada para definir a destinação do lugar, iniciaram-se as apostas. Inicialmente o prédio seria um Centro Especializado na Saúde do Homem, que hoje funciona no bairro Coronel Antonino. Em seguida sugeriram que o local abrigasse um pronto socorro infantil, mas a proposta não foi adiante, já que há necessidade de pediatras.
O Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano) informou que o prédio não é patrimônio histórico da cidade.