Ao abrir julgamento de assassino, juiz faz manifesto contra posse de armas
Para o magistrado que atua há mais de dez anos em casos de homicídio, armar a população é um deflagrador de violência
Antes de presidir mais um julgamento nesta manhã (31), o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, se manifestou contra o decreto que facilita a posse de armas, assinado no dia 15 pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). Para o magistrado que atua há mais de dez anos em casos de homicídio, a flexibilização do armamento é um deflagrador de violência.
“Todos que lidam na área criminal têm essa mesma opinião. Principalmente para quem mexe com a vara de violência doméstica e crimes como feminicídio. Essas armas estatisticamente não serão usadas contra bandidos”, afirmou.
Conforme Garcete, a ideia da população é contrária a dele, pois há um clamor pelo armamento. “As pessoas precisam lutar por segurança de qualidade.Tem gente que compra arma, faz curso de uma hora e depois não sabe nem segurar o revólver. Só no ano passado passaram pela 1ª vara do Tribunal do Júri 137 réus por delitos relacionados a arma de fogo e arma branca", disse.
Ao assinar o decreto, o presidente Jair Bolsonaro disse que devolve à população a liberdade de decidir sobre a compra de armas de fogo. “Por muito tempo, coube ao Estado determinar quem tinha ou não direito de defender a si mesmo, à sua família e à sua propriedade. Hoje, respeitando a vontade popular manifestada no referendo de 2005, devolvemos aos cidadãos brasileiros a liberdade de decidir”, afirmou durante a cerimônia.
Julgamento - Garcete preside nesta quinta-feira o julgamento de Cláudio Fellipe Simões Duarte, acusado de matar com tiro no pescoço, Júnior Cézar Borges da Silva, de 41 anos. O crime aconteceu após uma discussão por causa de um jet ski, na Rua Guarapuava, no Jardim Panorama, em fevereiro de 2016. O resultado do julgamento deve ser divulgado à tarde.