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Capital

Apartamentos populares no Centro vão priorizar família com renda de R$ 1.800

Residencial na Avenida Fernando Corrêa da Costa ganha o apoio de quem deseja nova vida para a baixada da Rua Rui Barbosa

Aline dos Santos | 17/02/2021 12:18
Terreno, que tem até sofá descartado, é um vazio urbano no Centro de Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Terreno, que tem até sofá descartado, é um vazio urbano no Centro de Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

Com quase oito mil metros quadrados, terreno na Avenida Fernando Corrêa da Costa -  onde viceja o mato e um sofá abandonado é vizinho do aviso para não jogar lixo - foi adquirido pela prefeitura de Campo Grande por R$ 6,5 milhões para dar vida a projeto com 200 apartamentos e destinado a famílias com renda a partir de R$ 1.800.

O terreno se estende pelo quadrilátero formado pela avenida e as ruas Rui Barbosa, Antônio Corrêa e Tonico Saad, no Centro da cidade. O projeto ganha o apoio de quem deseja vitalidade para a baixada da Rua Rui Barbosa, mas também tem oposição de quem espera um fim mais “nobre” do que moradias populares. Nesta análise, devido ao custo do metro quadrado, a área deveria receber um órgão publico ou unidade central de Saúde.

De acordo com a prefeitura, a área foi adquirida com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que financia o Reviva Centro, iniciativa que revitalizou a Rua 14 de Julho, coração do comércio na região central.

Terreno fica no quarilátero entre Fernando Corrêa da Costa, Antônio Côrrea, Tonico Saad e Rui Barbosa. 
Terreno fica no quarilátero entre Fernando Corrêa da Costa, Antônio Côrrea, Tonico Saad e Rui Barbosa.

O público-alvo é o do programa do governo federal Casa Verde e Amarela, que substituiu o Minha Casa, Minha Vida. A previsão da administração municipal é lançar neste ano o edital convocando empresas para elaboração dos projetos arquitetônicos, urbanísticos e paisagístico. Somente após os projetos, será definida a quantidade exata e a metragem dos apartamentos. A aquisição será por meio de sorteio.

O projeto prevê a chamada fachada ativa, com uso misto de unidades habitacionais e comerciais no térreo, e tem como foco, preferencialmente, pessoas que moram ou trabalham no Centro.

 As unidades serão no sistema de condomínio vertical”. A ideia é habitar o terreno e aproveitar a infraestrutura disponível na região central: água, energia elétrica, asfalto, drenagem, transporte coletivo, escola.

Terreno baldio deve dar lugar a projeto de residecial no programa Reviva Centro. (Foto: Marcos Maluf)
Terreno baldio deve dar lugar a projeto de residecial no programa Reviva Centro. (Foto: Marcos Maluf)

Vazio urbano - Uma das ruas que margeia o terreno é a Rui Barbosa, que perto da Avenida Fernando Corrêa, não tem a rotina pulsante dos cruzamentos com a Afonso Pena ou a Maracaju.

Aumentar a população circulante nesse trecho da via tem o apoio da vendedora Ana Paula Rocha, 30 anos. “Seria interessante. Valoriza essa região de baixada da rua. Aos fins de semana, esse trecho fica bem parado”.

Na rua Tonico Saad, um morador, que pediu para não ter o nome divulgado, conta que o terreno baldio, que já foi areeiro, impõe uma rotina de lixo, atrai animais como ratos e escorpiões, além de ser ponto de parada para consumo de drogas.

À noite, o pouco movimento e a escuridão atraem outro tipo de público: os ocupantes de carros que fazem da via um motel a céu aberto. Na manhã desta quarta-feira (dia 17),  perto dos troncos das árvores que margeiam a área, a reportagem encontrou caixa de lixos deixadas por quem não tem nem o trabalho de empurrar o material descartado para dentro do terreno baldio.

Apesar do mato alto, que invade a calçada, comerciantes relatam que o local sempre é limpo. O quadrilátero tem lojas, salão de beleza e órgão da Justiça.

Via majoritariamente comercial, a Fernando Corrêa da Costa tem vários terrenos vazios. Em geral, as áreas ficam sem utilização para especulação imobiliária.

Terreno é margeado por muro apenas na Rua Tonico Saad. (Foto: Marcos Maluf)
Terreno é margeado por muro apenas na Rua Tonico Saad. (Foto: Marcos Maluf)

Luxo popular – Em 2019, a ocupação do Centro com moradias populares tinha outro endereço: o Hotel Campo Grande, o primeiro empreendimento de luxo da cidade, localizado na 13 de Maio. A proposta era transformar os 86 quartos e suítes em 117 unidades habitacionais, com menos de 30 metros quadrados.

O projeto naufragou em meio a valores para compra do imóvel e reclamações contra um projeto de residencial popular no Centro. Em 2015, levantamento identificou que a região tinha 10% de vazio urbano, equivalente a 220 hectares. (Matéria editada às 8h20 de 18 de fevereiro para correção de informação sobre a faixa de renda dos apartamentos)

Ana Paula avalia que residencial pode dar vida nova para região da Rui Barbosa. (Foto: Marcos Maluf)
Ana Paula avalia que residencial pode dar vida nova para região da Rui Barbosa. (Foto: Marcos Maluf)


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