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Capital

Apesar das tentativas de combate, números de estupro não diminuem

Viviane Oliveira | 24/03/2013 09:07
“Um beijo muito lascivo pode ser enquadrado como violência sexual. Cada caso é um caso e deve ser analisado com critério”, explica a delegada Rosely Molina. (Foto: Marcos Ermínio)
“Um beijo muito lascivo pode ser enquadrado como violência sexual. Cada caso é um caso e deve ser analisado com critério”, explica a delegada Rosely Molina. (Foto: Marcos Ermínio)

No último dia 12, Odimar Guilherme da Silva, de 36 anos, conhecido por “Carioca”, cometeu três roubos e estuprou duas mulheres, uma de 22 e a outra de 19 anos, isso em um intervalo de 14 horas. De acordo com a delegada titular da Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) Rosely Molina, os dois casos foram em plena luz do dia e comprovam que uma das maiores violências cometidas contra a mulher está longe de ter um fim.

No caso do dia 12, o bandido aproveitou que as vítimas estavam sozinhas em ruas de pouco movimento para agir. Por volta das 6h40, uma jovem de 22 anos, esperava o ônibus na rua Marechal Floriano, atrás do Comper da Brilhante, quando se aproximou um veículo Logan de cor prata. Carioca, que usava o veículo roubado, estacionou, apontou um revólver calibre 38 para a vítima e a mandou entrar no carro e ficar abaixada no banco traseiro.

Ele levou a vítima para uma estrada vicinal onde há uma plantação, na saída para Sidrolândia, e a estuprou. A mulher só foi liberta quando o bandido se assustou com uma caminhonete que passou no local. Com medo, ele jogou a vítima no chão e fugiu.

De lá, por volta das 8h, Carioca seguiu até a rua Paissandu no bairro Amambaí, onde fez a segunda vítima, de 19 anos. A jovem estava caminhando, quando ele a abordou dizendo que era um assalto. Sob ameaças, Carioca levou a vítima para um lugar ermo e a estuprou. Conforme a delegada, nos dois casos o ato sexual foi consumado.

O homem tem uma ficha extensa, por assalto, roubo e tentativa de homicídio, foi preso um dia depois dos crimes pela Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos). Para justificar a sequência de roubos e estupros ele contou apenas que “perdeu a mulher, perdeu tudo e estava sob efeito de drogas”.

Carioca, o primeiro da esquerda para direita. Os outros dois participara somente dos assaltos a veículos. (Foto: Viviane Oliveira)
Carioca, o primeiro da esquerda para direita. Os outros dois participara somente dos assaltos a veículos. (Foto: Viviane Oliveira)

Estatísticas - Dados divulgados pela Sejusp (Secretaria de Estado e Justiça e Segurança Pública) mostram que a cada dois dias uma mulher é violentada sexualmente em Campo Grande. De janeiro até agora foram registrados 68 casos, desses, 34 foram em janeiro, 19 em fevereiro e neste mês são 14. Apesar das tentativas de combate à violência contra a mulher, crimes desta natureza não têm diminuído.

Em relação ao mesmo período, de janeiro a março do ano passado, 64 casos foram registrados na Capital, apenas 4 a menos que em 2012 e o mês ainda não terminou. No total, o ano passado teve  326 casos de estupros.

Segundo a delegada da Deam, por conta da legislação que mudou, hoje tudo é considerado estupro, qualquer ato de conjunção carnal ou libidinoso de maneira forçada. “Um beijo muito lascivo pode ser enquadrado como violência sexual. Cada caso é um caso, situação por situação dever ser analisada”, disse.

Ainda conforme a delegada, apesar de ocorrer menos, algumas mulheres tem receio de denunciar quando o crime tem autoria, ou seja, a vítima sabe quem é o agressor. “O crime de estupro demanda uma investigação mais criteriosa e cautelosa. Durante depoimento, a vítima é acompanhada por uma psicóloga e uma assistente social”.

Estupro é considerado crime hediondo. A pena varia de 6 a 10 anos de prisão e pode aumentar de 8 a 12 anos se há lesão corporal ou se a vítima é menor de idade. Quando o crime resulta em morte, a pena aumenta para 12 a 30 anos de prisão.

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