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Capital

Após 1 ano explorada, mulher faz “X” na mão para denunciar a irmã

Além de ser constantemente humilhada, a vítima era monitorada, impedida de sair e teve benefício social tomado pela família

Geisy Garnes | 25/06/2020 18:07
Após ver a campanha "Sinal Vermelho", a vítima resolveu pedir ajuda (Foto: Marcos Maluf)
Após ver a campanha "Sinal Vermelho", a vítima resolveu pedir ajuda (Foto: Marcos Maluf)

Após um ano de abusos morais e financeiros e de ser impedida de sair de casa, uma mulher de 39 anos viu na campanha “Sinal Vermelho” a chance de ser resgatada. Ela foi encontrada por policiais militares nesta quinta-feira (25), em Campo Grande, e contou que era explorada pela própria irmã.

O pedido de socorro veio de Anastácio – a 135 quilômetros de Campo Grande – pela filha da vítima,  de 16 anos.

Ao Campo Grande News, a sargento Gizele Guedes, integrante do Promuse (Programa Mulher Segura) da Polícia Militar, explicou que a mulher é deficiente auditiva e há cerca de um ano veio para a Capital ajudar a cuidar do pai doente. Ficou na casa da irmã e passou a ser explorada pela família.

Foi forçada a assumir todos os serviços domésticos, os cuidados com o pai e também dos sobrinhos. Além de ser constantemente humilhada, era monitorada e impedida de sair de casa. Ainda teve o dinheiro de benefícios que recebe do governo, em virtude da deficiência, tomado pela irmã. Sem qualquer tipo de renda própria, não conseguiu retornar à cidade.

“A família tem uma situação financeira muito crítica e também não conseguia resgatar ela”, conta a sargento. No último dia, no entanto, com a ampla divulgada da campanha “Sinal Vermelho”, idealizada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), viu a oportunidade de pedir socorro.

Ela fez o “x” vermelho na mão, tirou uma foto escondida e mandou para a filha em Anastácio. A adolescente levou a imagem até a Polícia Militar da cidade, que imediatamente acionou a equipe da Promuse em Campo Grande. Os policiais foram até a casa para verificar a situação e encontraram a vítima em visível situação de vulnerabilidade. “Assim que chegamos lá, foi só encontrar ela. Ela falou tudo só pelo olhar”, lembra a policial.

A mulher vivia na casa com a filha de 3 anos. As duas foram resgatadas e levadas para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), onde receberão abrigo e alimentação até retornarem para o interior. Um boletim de ocorrência foi registrado e agora todas as denúncias contra a possível autora serão investigadas.

A campanha - "Sinal Vermelho" é uma campanha para denunciar violência doméstica em farmácias. Para especialistas, a quarentena tem impacto direto na violência doméstica e com o aumento de casos neste período, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) idealizou a ação para oferecer mais um local para as mulheres pedirem socorro.

Em Campo Grande, farmácias e unidades de saúde estão habilitadas na campanha. São 443 em Campo Grande e 1561 em todo o Estado. Para pedir ajuda é só mostrar a mão em sinal de pare com um X vermelho desenhado na mão. Ao verem o sinal vermelho, os farmacêuticos discretamente vão pedir para que a mulher realize cadastro como se fosse para comprar medicamentos.

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