Após chuva, moradores do São Conrado convivem com lixo e lama
Na maior parte das ruas, o lixo se acumula e pode causar doenças
Se são as águas de março as responsáveis por fechar o verão, os moradores do bairro São Conrado, na região sul de Campo Grande, aguardam ansiosos que a poesia de Tom Jobim se concretize.
Depois que as chuvas atingem o bairro e causam alagamentos, a população sofre com lixo acumulado e lama que invade as casas.
Para onde se olha, o cenário é o mesmo: entulhos, galhos, móveis abandonados e a possibilidade de doenças, bichos peçonhentos e o temido mosquito da dengue. Em algumas quadras, há mais de três pontos com entulhos.
A camareira Marciana Vilma Rodrigues, de 38 anos, moradora na Rua Ouro Preto, está com um recém-nascido em casa e se mostra preocupada com a quantidade de lixo que se acumula na frente da sua residência.
“Aqui é muito sujo. Tem vezes que eu mesma pego um saco de lixo e saio juntando os entulhos. Tenho muito medo da dengue”, conta.
A maioria dos moradores ouvidos pelo Campo Grande News lembrou que a prefeitura de Campo Grande determinou um ponto do bairro para que os moradores jogassem o lixo. A partir disso, um caminhão iria passar para retirar o acúmulo.
“Há meses que esse lixo está aí. A prefeitura não veio até agora. Tem de tudo nesses entulhos, galho, roupa, lixo, mato”, diz a moradora Vera Lucia dos Santos, de 47 anos.
Em algumas vias, o entulho chegou a bloquear a passagem e os moradores tiveram de fazer a retirada.
Nas montanhas de entulho, é possível encontrar desde refugo de material de construção até cama velha. “Se um joga, todo mundo começa a jogar também”, ressalta Cleiton Cabral Riquelme, de apenas 15 anos.
A cozinheira Salete Costa, de 60 anos, afirma que o bairro todo está tomado de lixo. “Tem gente do bairro vizinho que vem jogar lixo aqui”.
Segundo Ademar Maia, de 30 anos, quem está há algum tempo sem frequentar a região, quando vê a situação do lixo acumulado se assusta.
“Esses dias o dono do terreno aí da frente veio ver e fico espantado com a quantidade de lixo espalhado na rua”, lembra Ademar.
Para a diarista Rosangela Marcondes, de 57 anos, a época é imprópria para este tipo de limpeza. “Logo em época de combate ao mosquito da dengue foram inventar isto [de acumular lixo em um ponto para ser recolhido]. Agora não para de chover e este lixo fica parado”, destaca.
O pedreiro João Batista, de 46 anos, relata que matou uma lacraia, animal peçonhenta, dentro do seu quintal. “Os bichos peçonhentos fazem a festa, ainda mais com essa chuva”, reforça João.
Na Rua Praia Grande não há uma quadra sequer sem um acúmulo de entulho.