Após dois meses, PF retira 30 famílias que invadiram residências do PAC

Pelo menos 30 famílias que ocuparam imóveis do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal, nos conjuntos residenciais Gregório Correa (12 imóveis) e Ary Abussaf (18), estão sendo retiradas das casas na manhã desta quarta-feira (23) por agentes da Polícia Federal, fiscais da Caixa Econômica Federal e guardas municipais, que cumprem ordem judicial de reintegração de posse.
As casas são destinadas às pessoas removidas de áreas de risco. Ao todo são 380 imóveis e alguns já contam com moradores destinados pela Caixa.
O prazo para as famílias deixarem os imóveis, ocupados há cerca de dois meses, venceu no sábado (19), mas moradores do local disseram que ainda tinham esperança de permanecer nas casas. A ação acontece com o apoio da Guarda Municipal.
A dona de casa Luciana da Silva, 26 anos, é uma das que buscou argumentos para ficar na casa, porém sem sucesso. Ela conta que foi enganada por um rapaz que se apresentou como funcionário da Caixa e pediu a ela R$ 8 mil. Em troca, ele providenciaria para que a casa ficasse com Luciana.
Desesperada e chorando, a dona de casa, mãe de três filhos com idades entre cinco e nove anos, disse que pediu dinheiro ao pai para dar ao rapaz e agora não consegue localizá-lo. “Acho que ele fez isso com outras pessoas também”, ressalta. Segundo Luciana, ele chegou a ir ao local algumas vezes, porém quando começou o boato de que haveria reintegração de posse, ele desapareceu.
Luciana diz que há dez anos fez um cadastro na EMHA (Empresa Municipal de Habitação) e agora não tem para onde levar a família. “O rapaz disse que em último caso eu seria transferida para outro bairro”, ressalta.
Sem alternativa, ela, o marido, que é segurança e os filhos, ficarão por um tempo na casa da mãe. “É muito fácil vir aqui tirar a gente porque eles tem onde morar”, lamenta.
Também inconformada com a desocupação, a recreadora Marcele de Castro Banega, 27, conta que morava com o marido Eliseu Justiniano, 33 e os três filhos com idades entre dois e seis anos, na casa de uma tia no Jardim Noroeste. "Como o filho dela veio de outra cidade, ela pediu a casa e tivemos que sair", relata.
Por indicação de uma amiga, a família chegou às casas do PAC. De acordo com Marcele, alguns imóveis estavam arrombados e danificados. Ela e o marido realizaram os reparos e passaram a morar no local. Agora ela terá que levar sua mudança para a casa de um amigo no Jardim Noroeste.
Com uma renda R$ 1,3 mil, ela diz que o dinheiro não é suficiente para as despesas com as crianças e ainda pagar as contas de água e luz. "É muito triste, porque eu realmente preciso, não tenho pra onde ir, estou desesperada", disse.
A retirada das famílias acontece de forma pacífica e os móveis estão sendo transportados por três caminhões para locais indicados pelos famílias ou para um depósito da Caixa.