Após êxodo rural, Capital aposta na oportunidade de renascer com Rota Biocêanica
Análise foi feita por palestrante do 6º Seminário “Cidades Brasileiras: desejos e possibilidades”
Movimento de crescimento econômico e consequente êxodo rural que se instalou no Brasil nos últimos 100 anos também ditou o ritmo em Campo Grande, conforme analisou o cientista social e superintendente do Iplanfor (Instituto de Planejamento de Fortaleza), vice-prefeito de Fortaleza, Élcio Batista, durante o 6º Seminário “Cidades Brasileiras: desejos e possibilidades” sediado na Capital nos dias 27 e 28 de abril.
Resultado disso foi a ausência de planejamento suficiente para suprir alta demanda em tão pouco tempo. Equação, portanto, que não poderia ter outro resultado: crescente violência, insegurança, sistema educacional deficitário, falta de saneamento básico e alto custo de vida, refletindo diretamente em desigualdade social.
“Esse modelo simplesmente levou o campo à cidade, uma busca autêntica, mas desesperada por melhor qualidade de vida, e as cidades não estavam prontas pra isso. Porque a cidade bem planejada é a cidade que antecipa”, explicou.
Por isso, Campo Grande tem a oportunidade de estar um passo à frente e o movimento deve começar agora. Élcio explicou que, com a chegada da Rota Biocêanica, a Capital se torna ponto central de ligação com países sul-americanos, fato que deve acelerar significativamente a economia local.
“Então é preciso se preparar para o futuro, porque a Rota Biocêanica deve gerar muita riqueza e muita riqueza se não for bem administrada pode gerar muitos problemas”, opinou. O sociólogo acredita que ter já criada uma pasta da importância da Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) significa que o caminho a ser trilhado está correto. “É fundamental para que esse ciclo aconteça”, complementa.
Outro ponto que coloca Campo Grande em destaque, segundo ele, é a região. “Então tem um conjunto de oportunidades econômicas, tem um conjunto também de trabalhar essa questão ambiental, fazer com que se transforme num ativo importante e seja capaz de se integrar a produção agrícola nessa região”, finalizou.
Desafios – Diretora-presidente da Planurb, Berenice Jacob complementa lembrando que, além dos problemas inerentes do crescimento urbano, existem questões que fogem do planejado, como ocorreu com a chegada da pandemia da covid-19, por exemplo. “Temos que nos reinventar a cada problema que surge alheio ao que planejamos. Construir uma cidade não é algo simples, existe uma série de fatores”, disse.
Para ela, ações como o seminário servem justamente para um intercâmbio de experiências. “É um evento de abrangência nacional, proporcionará a oportunidade para os agentes públicos e toda a sociedade aprofundarem seus conhecimentos em temas urbanísticos, ambientais e gestão democrática”.
O evento, realizado também virtualmente, abordou temáticas como Rota de integração latino-americana; Rota Bioceânica; Intersetorialidade e interação na gestão pública; Cidades pós-pandemia; Mudanças climáticas; Desafio da infraestrutura da cidade e a Mobilidade Urbana.