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Capital

Após mortes, moradores pedem fim do tráfego de veículos pesados no Montevidéu

Nadyenka Castro e Paula Maciulevicius | 27/04/2011 17:24

Segundo eles, 3 pessoas já morreram em 18 meses

Moradores fecham rua em protesto ao tráfego de veículos pesados. (Foto: João Garrigó)
Moradores fecham rua em protesto ao tráfego de veículos pesados. (Foto: João Garrigó)

Moradores do Jardim Montevidéu, em Campo Grande, onde Vinicius Nunes da Cruz Maciel, nove anos, morreu na tarde desta quarta-feira, querem o fim do tráfego de veículos pesados na principal via do bairro, que fica próximo ao macroanel rodoviário, que liga às BRs 163 e 262.

Para eles, a passagem de caminhões e carretas pela avenida Ana Rosa Ocampo é o principal motivo dos constantes acidentes no bairro. Segundo eles, estas colisões resultaram em três mortes no período de 18 meses.

“Tem o macroanel, mas eles [caminhões] cortam caminho por aqui”, diz a dona de casa Irlais da Silva, 50 anos. Por causa do movimento de veículos, ela tem medo que a neta de nove anos seja atropelada e por isso não a deixa ir sozinha à escola nem brincar fora de casa. “Fico muito triste. Minha neta de nove anos só fica em casa”.

Antônio de Jesus, presidente da Associação de Moradores dos bairros Jardim Montevidéu e Taquaral Bosque, conta que já fez vários pedidos à administração municipal para instalação de redutores de velocidade na avenida e também para que seja proibido o tráfego de veículos pesados.

“Como vai passar carreta no meio do bairro? Estou pedindo pelo amor de Deus para que não tenha um próximo”, declara Antônio referindo-se à vítimas. “Antes de ser presidente do bairro, tenho preocupação como pai”.

De braços dados, os moradores fecharam a avenida por poucos minutos em protesto ao não atendimento dos pedidos.

O acidente que resultou na morte de Vinicius foi no cruzamento com a rua Itaimbé, por onde ele trafegava e foi atingido pelo caminhão ao cruzar a avenida.

Abalada, irmã de Vinícius não conseguiu dizer nome e não acreditava que o irmão havia morrido. (Foto: João Garrigó)
Abalada, irmã de Vinícius não conseguiu dizer nome e não acreditava que o irmão havia morrido. (Foto: João Garrigó)

O menino voltava da borracharia onde tinha ido encher os pneus da bicicleta junto com o amigo Gabriel, 12 anos. A mãe deste, Roseli de Souza, 40 anos, conta que o filho dela alertou Vinicius para parar na esquina e só passar caso não tivesse veículo na outra via.

“Meu filho disse: Quando você chegar na esquina você para, você para. Meu filho parou e ele [Vinícius] passou direto”, diz Roseli, que estava em casa junto com a mãe de Vinícius, Mariazinha Nunes da Cruz, quando Gabriel chegou e contou do acidente.

As duas foram desesperadas para o local e quando viram Vinícius esmagado embaixo do caminhão, Mariazinha entrou em pânico, passou mal e foi levada ao posto de saúde do bairro Nova Bahia.

Vinícius é o segundo filho dela que morre. O pai do menino, Rael Maciel, diz que há cinco anos a filha do casal morreu de lupos. Rael não mora com Mariazinha. Ele estava no serviço quando foi informado do acidente e foi para o local.

A irmã de Vinícius, filha apenas de Rael, não acreditava na tragédia. “Moça, ele morreu mesmo”, questionou à repórter do Campo Grande News. “Como é que o caminhão não vê uma criança?”, pergunta.

A criança foi arrastada e esmagada pelo caminhão conduzido por Genivaldo Ferreira Martins, 30 anos. As vísceras ficaram pelo asfalto.

De acordo com a Polícia Civil, só o laudo pericial irá determinar oficialmente o que aconteceu. O caminhão carregado de areia freou por aproximadamente 35 metros, depois de ter atropelado o garoto.

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