Aquário também é referência de inclusão ao dar emprego a 90 presos
Cerca de 90 presos do regime aberto e semiaberto trabalham na construção do Aquário do Pantanal, obra emblemática do Governo do Estado e que terá investimento de R$ 120 milhões. Para os detentos, o trabalho é uma oportunidade de superar o preconceito, de serem inseridos no mercado de trabalho e serem tratados como "pessoas normais".
O emprego foi garantido por meio do Conselho da Comunidade e da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). Entre as centenas de operários da obra, os presos exercem as mesmas funções e só são reconhecidos por causa da logomarca do Conselho da Comunidade. Wellington Zengo Braga, 22 anos, começou como auxiliar de pedreiro e atualmente é soldador.
Mesmo com a pouca idade, Wellington passou oito anos preso, no regime fechado, por ter cometido o crime de roubo. Há quase um mês no regime aberto, o soldador comemorou a oportunidade. “É muito bom, estou aprendendo muito. Isso faz com que não cometemos erros na vida da gente”, valorizou.
Agora Wellington preza pelo exemplo. Morando com a mãe e o irmão mais novo, ele tenta ajudar o outro que está preso. “Eu tento ajudar ele. Mostrar que ele precisa começar a fazer coisas boas”, assumiu.
O azulejista Francisco Ferreira dos Santos, 34, possui 20 anos de profissão. Ele disse que nasceu em um obra. No regime semiaberto, ele confessou que se sentiu mal no começo do trabalho, mas agora, que já o conhecem, está feliz na obra.
“As pessoas achavam que nós eramos bichos, mas somos pessoas normais”, desabafou Francisco. Mas ficou preocupado com a quantidade pessoas que não aceitaram o trabalho, por não ser um “que ganha muito”, por isso alguns voltam ao crime, segundo o azulejista.
Aproximadamente 40% o presos, dos regimes fechado, semiaberto e aberto, de Mato Grosso do Sul estão trabalhando, segundo a Agepen. Sendo que 90% dos que estão no regime aberto e semiaberto trabalham.
A Agepen, conforme o diretor-presidente da Agepen, Deusdete Souza de Oliveira Filho, possui 177 parcerias com empresas que ocupam mão de obra prisional. “Oportunizar trabalho ao reeducandos é fundamental para o processo de reinserção social”, comentou o diretor-presidente.
Como o caso de Emerson Jesus de Oliveira, 29, que conseguiu o primeiro trabalho depois de 1 ano e 8 meses preso. “É mais difícil conseguir um emprego agora, mas com essa oportunidade as pessoas irão confiar mais”, afirmou Emerson, que trabalha como pedreiro na obra, sendo que possui 11 anos de experiência.
“Tem que ter incentivo, se não a nossa vida não anda pra frente. Agora, quando chego em casa, esqueço de tudo, só deito na cama para acordar e voltar ao trabalho”, finalizou Wellington.